Nova York, 21 de abril de 2010—O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) expressou hoje sua profunda preocupação pelo assassinato do âncora de televisão hondurenho Jorge Alberto Orellana, o sexto jornalista assassinado no país desde março.
Orellana, de 50 anos, apresentador do programa “En Vivo con Georgino” na estação local de televisão privada Televisão de Honduras, foi baleado na terça-feira por um indivíduo não identificado na cidade de San Pedro Sula, no norte do país, segundo informes da imprensa local. Quando Orellana saía da emissora, por volta das 21h00, o agressor disparou contra sua cabeça e fugiu a pé, informou o jornal hondurenho Tiempo. O jornalista foi levado para o hospital Mario Rivas, onde foi declarado morto.
O programa de Orellana enfocava notícias locais, majoritariamente relacionadas a eventos culturais, disse ao CPJ o repórter da Rádio Progreso em San Pedro Sula, José Peraza. O repórter não cobria temas sensíveis, como crime organizado, afirmou o editor do Tiempo Rubén Escobar.
Héctor Iván Mejía, chefe da Polícia de San Pedro Sula informou ao CPJ que motivos pessoais podem estar por trás do crime. Mejía, que não especificou quais seriam estes possíveis motivos, afirmou que a polícia havia identificado um suspeito, mas ainda não o havia capturado. O CPJ está investigando se o assassinato está relacionado com o trabalho do jornalista.
Antes de juntar-se à Televisão de Honduras, Orellana havia trabalhado para o jornal La Prensa e para a maior cadeia de televisão do país, Televicentro, segundo os meios de comunicação hondurenhos. Após o golpe de Estado que depôs o presidente Manuel Zelaya em junho de 2009, Orellana se desvinculou da Televicentro por suas diferenças em relação à posição editorial da estação, de apoio ao governo interino, afirmaram repórteres locais. Orellana também era professor de jornalismo da Universidade Nacional Autônoma de Honduras, em San Pedro Sula.
“Exortamos as autoridades hondurenhas a investigarem o homicídio do jornalista Jorge Orellana em profundidade, estabelecerem se ele foi assassinado por seu trabalho, e levarem os responsáveis à justiça”, disse Carlos Lauría, coordenador sênior do Programa das Américas do CPJ. “As autoridades devem tomar medidas rápidas e efetivas para deter a letal onda de violência que está limitando seriamente a tarefa informativa dos meios de comunicação”.
Orellana é o sexto jornalista assassinado em Honduras desde o começo de março. Desconhecidos armados balearam os jornalistas o José Bayardo Mairena e Manuel Juárez no departamento de Olancho em 27 de março. Em 14 de março, o jornalista Nahúm Palacios Arteaga foi assassinado na cidade de Tocoa, enquanto o repórter de rádio David Meza foi morto na cidade de La Ceiba em 11 de março. Em primeiro de março, o repórter Joseph Hernández Ochoa foi assassinado em Tegucigalpa, em um tiroteio que deixou outra jornalista gravemente ferida.
O CPJ está investigando para determinar se estes crimes têm relação com o trabalho dos repórteres.