México: Repórter que cobre criminalidade desaparece em Michoacán

Nova York, 20 de novembro de 2009 – Uma repórter mexicana que havia noticiado recentemente sobre corrupção e crime organizado desapareceu esta semana no estado de Michoacán, segundo as informações da imprensa local. María Esther Aguilar Cansimbe foi vista pela última vez em 11 de novembro perto de sua casa, em Zamora. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) instou hoje as autoridades estaduais e federais a fazerem tudo o que estiver ao seu alcance para trazer a repórter à segurança imediatamente.

Aguilar, repórter do jornal local El Diario de Zamora e correspondente do jornal regional Cambio de Michoacán, foi vista pela última vez em 11 de novembro saindo de sua casa em Zamora, a 144 quilômetros de Morelia, a capital do estado, segundo os informes da imprensa e as entrevistas do CPJ. Colegas disseram ao CPJ que ninguém teve notícias dela desde então. Um porta-voz da Procuradoria Geral de Justiça do estado de Michoacán disse que a família de Aguilar denunciou o desaparecimento nesta semana.

Aguilar, uma repórter com 10 anos de experiência que trabalhou em vários meios de comunicação regionais, divulgou em primeira mão uma série de reportagens sobre corrupção local e crime organizado em o Cambio de Michoacán, de acordo com o jornal. Em 22 de outubro informou sobre uma operação militar perto de Zamora na qual ao menos três indivíduos, incluindo o filho de um político local, foram presos sob suspeita de participação em grupos de crime organizado. Em 27 de outubro, publicou uma matéria sobre abuso policial, após a qual um alto funcionário da polícia local se viu obrigado a renunciar. Três dias depois, informou sobre a prisão de um suposto líder do cartel La Familia Michoacana. Segundo um colega do jornal, Aguilar não assinou nenhuma das reportagens por temor de represálias.

Aguilar não havia recebido nenhuma ameaça, disseram seus colegas ao CPJ. No entanto, em uma nota publicada hoje, o Cambio de Michoacán informou que seus colegas acreditam que as reportagens de Aguilar podem ter sido o estopim para seu desaparecimento. A família da repórter não fez nenhum comentário público.

Na quinta-feira, o procurador estadual Jesús Montejano Ramírez disse que as autoridades estaduais estão investigando o desaparecimento de Aguilar, informou o Milenio. Montejano explicou que não podia dar mais informações para não interferir com a investigação.

Aguilar é o oitavo jornalista mexicano a desaparecer desde 2005, segundo as investigações do CPJ.

“Estamos muito preocupados com o paradeiro de María Esther Aguilar Cansimbe”, declarou o coordenador sênior do programa das Américas do CPJ, Carlos Lauría. “Pedimos às autoridades estaduais e federais que realizem tudo ao seu alcance para localizar a repórter. Devem deixar claro que os responsáveis pelo desaparecimento de jornalistas que informam sobre corrupção serão levados à justiça”.

Michoacán é um dos estados mexicanos mais perigosos para a imprensa devido ao alto nível de crimes violentos relacionados com o tráfico de drogas e o crime organizado. Em 20 de novembro de 2006, José Antonio García Apac, editor do Ecos de la Cuenca em Tepalcatapec, um jornal local, desapareceu e não se teve mais notícias de seu paradeiro. Mauricio Estrada Zamora, repórter da editoria de policia para o jornal La Opinión de Apatzingán, desapareceu em 12 de fevereiro de 2008. Cinco outros repórteres desapareceram no México desde 2005, divulgou o CPJ em seu relatório especial “Los Desaparecidos”. A maioria investigava vínculos entre funcionários públicos e narcotraficantes.

Segundo as pesquisas do CPJ, 39 jornalistas foram mortos desde 1992 no México – um dos países mais letais para jornalistas no mundo. Ao menos 18 deles foram assassinados em represália direta por seu trabalho. A maioria cobria crime organizado ou corrupção governamental.