Nova York, 3 de agosto de 2009 – Um grupo com mais de 30 militantes pró-governamentais armados invadiu as dependências da rede de televisão Globovisión em motocicletas e lançaram gás lacrimogêneo, segundo as informações da imprensa. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condenou o ataque e instou as autoridades a proporcionarem à Globovisión e a seus funcionários a proteção necessária para assegurar que possam cumprir com seu trabalho sem temor de represálias.
Uma funcionária da polícia metropolitana de Caracas ficou levemente ferida durante o ataque que ocorreu por volta das 13h00, informou a Globovisión. Nenhum funcionário da emissora ficou ferido e não foram registrados danos consideráveis, de acordo com o noticiado. As informações da imprensa indicaram que os militantes pró-governamentais liderados pela ativista Lina Ron ingressaram com motocicletas nas instalações da Globovisión em Caracas e desarmaram o pessoal da segurança, antes de lançarem gás lacrimogêneo. Alguns deles empunhavam bandeiras do partido político favorável ao governo União Patriótica Venezuelana (UPV), de acordo com a imprensa.
O Ministro do Interior, Tareck El Aissami, condenou a ação e afirmou que o governo iniciou uma investigação.
“Estamos seriamente preocupados com a segurança dos funcionários da Globovisión“, afirmou o Coordenador Sênior do Programa das América do CPJ, Carlos Lauría. “As autoridades devem garantir à Globovisión e aos seus funcionários a proteção necessária para assegurar que possam trabalhar com liberdade e em um ambiente seguro”.
A Globovisión, conhecida por suas duras críticas à administração do presidente Hugo Chávez Frías, tem sido alvo de um acosso contínuo por parte do governo. Nos últimos meses, o organismo regulador das frequências do espaço radioelétrico iniciou cinco processos administrativos contra a rede de televisão privada. O último foi registrado em 3 de julho, depois que a emissora transmitiu uma campanha publicitária direcionada à defesa da propriedade privada na qual, segundo as autoridades, aparecem mensagens que supostamente causam “angustia, temor e ansiedade” na população e poderiam provocar alterações da ordem pública. Eventualmente, a concessão da televisão poderia ser revogada. O órgão regulador também solicitou à Procuradoria Geral que determine se a emissora incorreu em algum crime por supostamente ter violado a lei de telecomunicações.
Em fevereiro, o grupo pró-governamental La Piedrita assumiu a responsabilidade por um ataque contra a Globovisión em setembro de 2008. Vários indivíduos não identificados lançaram bombas de gás lacrimogêneo em frente ao escritório da Globovisión em Caracas. Uma bomba explodiu, mas ninguém ficou ferido. Os agressores deixaram folhetos assinados pelo La Piedrita, advertindo que responsabilizariam o canal de televisão – agora, considerado um objetivo militar – por qualquer coisa que pudesse acontecer a Chávez, segundo uma transcrição publicada no jornal venezuelano de circulação nacional El Nacional.
O ataque de hoje contra a Globovisión ocorreu dias após o Ministro de Obras Públicas e Moradia, Diosdado Cabello, anunciar que o organismo regulador havia revogado as concessões de 34 emissoras de rádio privadas em todo o país. Embora as estações tenham afirmado que apelariam da decisão, todas saíram do ar. Cabello disse que também poderiam ser revogadas as licenças de mais de 200 outras emissoras. O CPJ divulgou um comunicado no sábado declarando que o governo está utilizando a regulamentação das frequências do espaço radioelétrico como um pretexto para silenciar as vozes críticas e independentes.