Repórter de televisão é assassinado e cinegrafista fica ferido na Cidade da Guatemala

Nova York, 2 de abril de 2009–Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) instou hoje as autoridades da Guatemala a investigarem, de forma imediata e completa, o ataque a tiros ocorrido na quarta-feira contra uma equipe da televisão na Cidade da Guatemala. Pistoleiros não identificados assassinaram o veterano repórter Rolando Santiz e feriram o cinegrafista Antonio de León.

Por volta das 17h10, Santiz e de León, que formavam uma equipe do canal de televisão Telecentro 13, foram abordados por dois homens em uma motocicleta quando se dirigiam aos estúdios da TV na Cidade da Guatemala, segundo as matérias veiculadas pela imprensa e entrevistas realizadas pelo CPJ. Os agressores dispararam contra o carro repetidamente, matando Santiz na hora e atingindo de León na cabeça, mandíbula e tórax.

De León foi levado para o Hospital Geral San Juan de Dios, informou ao CPJ a porta-voz do canal de TV, Elsie Sierra. Um porta-voz do hospital informou hoje à imprensa local que a condição de León era estável.

“Estamos entristecidos pela morte de Rolando Santiz e enviamos nossas condolências à família e amigos”, declarou o subdiretor do CPJ, Robert Mahoney. “As autoridades da Guatemala devem se assegurar que a investigação do assassinato de Santiz seja profunda e que seja oferecida a Antonio de León a proteção necessária para que possa continuar seu trabalho jornalístico”.

Jornalistas locais contaram ao CPJ que Santiz trabalhou como repórter por mais de 30 anos e era conhecido na Guatemala. Ele trabalhou na cobertura da área de polícia durante 15 anos. Segundo Sierra, Santiz disse ter recebido ameaças de morte, mas não está claro se elas se referiam a alguma matéria em particular. Sierra explicou que o canal de TV recebe ameaças constantemente.

Rember Larios, subdiretor da polícia, declarou à imprensa local que as autoridades haviam iniciado a investigação. Sierra informou ao CPJ que de León está sob proteção, como testemunha.

A violência associada ao crime organizado aumentou nos últimos anos na Guatemala, criando um clima de pânico. Em 2008, dois jornalistas foram assassinados e um terceiro foi sequestrado. Em 12 de maio, um indivíduo não identificado assassinou a tiros Jorge Mérida Pérez, correspondente do jornal Prensa Libre, que cobria narcotráfico e corrupção no departamento de Quetzaltenango, localizado no sudoeste do país. Um desenhista gráfico que trabalhava no El Periódico, Abel Giron Morales, morreu em 22 de outubro depois que uma flecha o atingiu no coração, quando ele estava na frente de sua casa na Cidade da Guatemala.

Em 20 de agosto, José Rubén Zamora, presidente do El Periódico e homenageado com o Prêmio Internacional à Liberdade de Imprensa do CPJ, foi sequestrado quando saía de um bar nos arredores da capital. Em outubro, um juiz da Cidade da Guatemala sentenciou três pessoas à prisão por acusações de sequestro, roubo, fraude e conspiração. No entanto, jornalistas locais expressaram ceticismo sobre a sentença, e comentaram que Zamora ganhou muitos inimigos como resultado de anos de investigação sobre o crime organizado e a corrupção.