Nova York, 16 de junho de 2008–Javier García, apresentador de noticiários do canal de televisão Radio Caracas Television Internacional (RCTV) foi encontrado morto domingo em seu apartamento em Caracas. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas pede às autoridades locais que conduzam uma investigação completa sobre a morte de García.
García, 37, foi visto pela última vez por familiares e amigos na noite de sexta, segundo as reportagens da imprensa local e internacional. Na tarde de domingo, o irmão de García entrou no apartamento dele e chamou o corpo de bombeiros quando encontrou a porta do quarto trancada, disse a repórteres o comandante da polícia local Wilfredo Rojas. O corpo de García estava na cama com três ferimentos provocados por arma branca no peito e dois na perda direita, de acordo com reportagens divulgadas e entrevistas feitas pelo CPJ.
As autoridades encontraram três malas próximas à porta principal, informou o jornal El Universal. O porteiro disse que um homem não identificado saiu do apartamento de García com uma mala na noite de sábado. Quando um membro da segurança do edifício informou que ele não poderia sair com a mala, o homem regressou ao apartamento e depois foi embora, divulgou o El Universal.
Gladys Zapiain, gerente de relações institucionais e comunicações externas da RCTV Internacional, disse ao CPJ que era muito cedo para determinar se a morte de García poderia estar vinculada ao seu trabalho no canal de televisão. Zapiain afirmou que desconhece ameaças contra o apresentador.
A RCTV, o canal privado de televisão mais antigo do país, deixou de transmitir em maio de 2007 depois de uma decisão sem precedentes do governo venezuelano, que se negou a renovar sua concessão. A RCTV Internacional lançou um serviço de TV pago via cabo e satélite, oferecendo programação crítica, em 16 de julho de 2007.
“Entristece-nos a morte de Javier García e apresentamos nossas condolências à família, amigos e colegas”, declarou o Diretor Executivo do CPJ, Joel Simon. “Instamos as autoridades de Caracas a conduzirem uma pronta e exaustiva investigação sobre o seu assassinato”.
Em 2 de junho, pistoleiros não identificados assassinaram Pierre Fould Gerges, vice-presidente do jornal Reporte Diario de la Economía, de Caracas, depois de dezenas de ameaças de morte feitas contra o pessoal administrativo do periódico durante o último ano. As autoridades locais estão investigando a sua morte.
Na Venezuela, a violência fatal contra a imprensa não é usual, segundo as investigações do CPJ. Quatro jornalistas foram mortos em represália direta por seu trabalho desde 1992, sendo o caso mais recente em 2006. No entanto, a imprensa local tem sofrido medidas repressivas por parte do governo, enquanto que repórteres e fotógrafos têm sido atacados durante manifestações de rua.