Nova York, 23 de junho de 2008–Dois agressores não identificados agrediram e esfaquearam Luis Pablo Guardado Negrete, diretor adjunto do jornal Noticias de la Bahía, na tarde de sábado em seu escritório no estado de Nayarit. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) exorta as autoridades locais a investigarem o ataque e levarem os responsáveis à justiça.
Por volta das 15h00 do sábado, dois indivíduos chegaram ao escritório do Noticias de la Bahía no município de Bahía de las Banderas e perguntaram a Guardado sobre uma caminhonete que ele teria colocado à venda, segundo os informes da imprensa local e entrevistas conduzidas pelo CPJ. Uma vez no escritório, os assaltantes fecharam as portas e chutaram, estrangularam e esfaquearam Guardado enquanto perguntavam por um artigo publicado na semana passada no Notícias de la Bahía, informou seu irmão, Lenin Guardado Negrete, presidente da associação local de jornalistas.
O artigo informava sobre um ataque sexual ocorrido em um ginásio local, contou o irmão de Guardado ao CPJ. De acordo com o diário regional Expresso, alguns vizinhos observaram dois homens que saíram correndo do escritório do Noticias de la Bahía cobertos de sangue.
“Condenamos este brutal ataque contra Luis Pablo Guardado Negrete em seu próprio jornal”, assinalou o Coordenador Sênior do Programa das Américas do CPJ, Carlos Lauría. “As autoridades estaduais devem trabalhar em conjunto com as autoridades federais para proporcionar a proteção necessária que permita a Guardado e seus funcionários continuarem trabalhando sem temor de represálias”.
Guardado foi levado para uma clínica próxima, onde ele foi atendido por um ferimento de arma branca, várias contusões e uma fratura dupla da mandíbula, segundo informou seu irmão. Mais tarde, foi transferido para um hospital de Tepic, capital do estado, onde fez uma cirurgia na mandíbula. Segundo seu irmão, a condição de Guardado é estável.
O diretor da Polícia Estadual de Nayarit, Javier Vásquez Paniagua, disse ao CPJ que as autoridades estão investigando o ataque, que acreditam estar relacionado a um artigo publicado no Notícias de la Bahía. Vásquez afirmou que não podia dar mais informações. Segundo Lenin Guardado, os investigadores identificaram os agressores, mas ainda não haviam realizando nenhuma prisão.
O México é um dos países mais perigosos para o exercício do jornalismo na América Latina, segundo as investigações do CPJ. Nos últimos cinco anos, com a intensificação da guerra entre os cartéis de drogas, jornalistas locais que informam sobre crime organizado e narcotráfico enfrentam graves riscos.
O CPJ examinou três casos recentes de assassinatos não resolvidos de jornalistas em um relatório especial lançado em 7 de junho. Vinte e um jornalistas foram mortos no México desde 2000, sete deles em represália direta por seu trabalho. Desde 2005, outros sete jornalistas desapareceram. O México figura em décimo lugar no Índice de Impunidade do CPJ, uma relação de países onde jornalistas são assassinados de forma recorrente e os governos fracassam na resolução dos crimes. Sob a legislação atual, as autoridades estaduais são as que, geralmente, investigam os ataques contra os jornalistas. Dado o baixo número de processos judiciais decorrentes destes casos, o CPJ instou o governo federal a assumir estas investigações.