O CPJ está alarmado com o desaparecimento de repórter em Michoacán
Nova York, 15 de fevereiro de 2008—O Comitê para a Proteção dos Jornalistas está alarmado pelo desaparecimento de Mauricio Estrada Zamora, repórter da editoria de polícia do jornal La Opinión de Apatzingán no estado de Michoacán, no centro do México.
Estrada, de 38 anos, foi visto pela última vez quando deixava o jornal em 12 de fevereiro, por volta das 23h00. Os colegas disseram ao CPJ que ele saiu sozinho e indicou que iria para a sua casa em Apatzingán. Na manhã de 13 de fevereiro, autoridades locais encontraram o carro de Estrada em Buena Vista Tomatlán, município próximo a Apatzingán. O policial que encontrou o carro alertou funcionários do La Opinión de Apatzingán depois de encontrar a credencial de imprensa de Estrada no pára-brisa do carro. O carro estava estacionado, mas o motor estava ligado. As portas estavam abertas e faltavam vários itens, incluindo um rádio, a câmera e o laptop de Estrada, informaram jornalistas do La Opinión de Apatzingán ao CPJ.
Em 13 de fevereiro, a família de Estrada denunciou seu desaparecimento às autoridades locais. O escritório do procurador geral do Estado de Michoacán enviou sua unidade anti-seqüestro, incluindo um helicóptero, para localizar o repórter em Buena Vista Tomatlán e regiões próximas.
“Nós estamos muito preocupados com o paradeiro de Mauricio Estrada Zamora” disse o Diretor Executivo do CPJ, Joel Simon. “Nós instamos as autoridades mexicanas a fazerem tudo em seu poder para localizá-lo e trazê-lo em segurança para sua família”.
O La Opinión de Apatzingán e a família de Estrada estão solicitando às forças de segurança que investiguem se o desaparecimento do jornalista está vinculado a uma disputa, ocorrida em janeiro, com um agente da Agência Federal de Investigações em Apatzingán. Em 14 de fevereiro, o La Opinión de Apatzingán publicou que Estrada havia mencionado o nome do agente em um artigo e que havia se referido a ele pelo apelido de “El Diablo” [O Diabo]. Colegas disseram ao CPJ que não conheciam a existência de alguma divergência entre ambos, e que Estrada só mencionou o assunto para a família. O CPJ não pôde determinar a natureza da disputa.
No entanto, María de la Luz Uyuela Granado, editora do jornal, afirmou ao CPJ que as circunstância que rodeiam o desaparecimento de Estrada não estão claras. Uyuela sustentou que Estrada não investigada temas delicados. De fato, o jornal não cobre em profundidade o crime organizado ou outros temas de risco por considerar demasiadamente perigoso, acrescentou Uyuela. No que se refere à criminalidade, o La Opinión de Apatzingán publica apenas informação oficial.
Estrada também colabora com matérias para o La Opinión de Michoacán, um diário da mesma empresa do La Opinión de Apatzingán. Michoacán é considerado um dos estados mais perigosos para os jornalistas no México devido ao elevado nível de criminalidade relacionada ao narcotráfico e ao crime organizado. O desaparecimento de Estrada ocorre pouco tempo depois do assassinato do jornalista Gerardo Israel García Pimentel, ocorrido em dezembro, em Uruapán, a segunda maior cidade de Michoacán. García cobria agricultura e criminalidade para o La Opinión de Michoacán. O CPJ ainda investiga se a morte de García está relacionada ao seu trabalho jornalístico. José Antonio García Arpac, editor de Ecos de la Cuenta em Tepalcatepec, um jornal local, desapareceu em 30 de novembro de 2006 e, desde então, seu paradeiro é desconhecido.