Nova York, 26 de novembro de 2007—O radialista João Alckmin, que fez denúncias sobre corrupção no estado de São Paulo, na região sudeste do país, foi alvejado duas vezes na quinta-feira; seu estado de saúde é estável. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas pediu hoje às autoridades brasileiras para que investiguem o ataque.
Alckmin, que apresenta o programa semanal “Showtime” na emissora local Rádio Piratininga, estava passeando com seu cachorro por volta das 18h30 na cidade de São José dos Campos, distante 80 quilômetros da capital São Paulo, quando um homem dirigindo uma motocicleta se aproximou, ele contou ao CPJ. O agressor atirou em Alckmin no pescoço e abdômen e fugiu, de acordo com membros da família. O radialista foi levado a um hospital local, onde a bala foi retirada de seu pescoço. Familiares de Alckmin que conversaram com o CPJ disseram que sua condição é estável.
Por mais de cinco anos, Alckmin tem denunciado o suposto envolvimento de policiais locais com a chamada ‘máfia dos caça-níqueis’ em São José dos Campos. Os caça-níqueis são ilegais no Brasil. Alckmin disse ao CPJ que recebeu ameaças por carta e por telefone durante vários anos.
“Nós ficamos assustados com este ataque a João Alckmin e desejamos a ele uma rápida melhora” disse o Diretor Executivo do CPJ, Joel Simon. “Jornalistas que trabalham fora das áreas metropolitanas e investigam crime e corrupção são particularmente vulneráveis. Nós apelamos às autoridades brasileiras para que conduzam uma rápida e completa investigação sobre o tiroteio da semana passada”.
No começo de julho, Rodrigo Duenhas, um advogado que trabalhava com a esposa de Alckmin, foi ferido à bala no pescoço quando entrava no carro dela. Alckmin, que normalmente buscava sua esposa no trabalho na hora do ataque, disse ao CPJ que acredita que o atentado era dirigido a ele. A polícia local alega que Duenhas foi baleado durante uma tentativa de assalto.
A esposa de Alckmin disse ao CPJ que várias pessoas testemunharam o ataque de quinta-feira. O porta-voz da polícia, Fábio Joaquim, disse que uma força-tarefa de 15 policiais está investigando o crime. No entanto, Joaquim disse ao CPJ que não podia fornecer detalhes sobre a investigação.
Dois outros jornalistas foram baleados este ano no Brasil. Em maio, indivíduos não identificados assassinaram a tiros Luiz Carlos Barbon Filho na pequena cidade de Porto Ferreira, distante 229 quilômetros de São Paulo. Em seu último programa de rádio, Barbon acusou várias pessoas ligadas ao governo local de corrupção. Segundo informou a imprensa brasileira, ele havia dito no ar que eles deveriam ser responsabilizados se alguma coisa acontecesse a ele. Não houve progressos na investigação de seu assassinato.
Em setembro, Amaury Ribeiro Junior, repórter do Correio Braziliense, foi baleado no abdômen quando investigava uma matéria sobre o crime organizado na periferia de Brasília, capital do Brasil. Quatro homens foram presos logo depois do ataque. A polícia disse que o ataque não teve ligação com o trabalho do jornalista, mas Ribeiro disse ao CPJ que acreditava ter se tornado um alvo por sua reportagem.