Washington, D.C., 9 de maio de 2007—O governo federal do México deve adotar medidas concretas para proteger a liberdade de imprensa e processar os responsáveis por crimes contra jornalistas, afirmou uma delegação do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) em uma reunião que manteve, na terça feira, com o embaixador mexicano nos Estados Unidos, Arturo Sarukhan Casamitjana.
Após expressar preocupação pela onda de ataques fatais contra a imprensa, a delegação do CPJ instou o governo mexicano a fortalecer a procuradoria especial para crimes contra jornalistas, e a fazer da proteção à liberdade de expressão uma responsabilidade federal.
anos, os repórteres locais que noticiam sobre crime organizado e narcotráfico estão enfrentando graves perigos. Segundo as informações do CPJ, seis jornalistas foram assassinatos em represália direta por seu trabalho desde 2000. O CPJ continua investigando as circunstâncias que cercaram outros 12 assassinatos ocorridos desde então, para determinar se as mortes estão relacionadas com o trabalho dos repórteres. Três jornalistas estão desaparecidos desde 2005 Dois deles faziam cobertura da área de polícia.
Apesar da disputa entre os cartéis ser particularmente severa nos estados do norte do país, a violência se estendeu a cada um dos estados mexicanos no último ano.
A violência e o medo têm tido um efeito demolidor sobre a imprensa, já que jornalistas que informam sobre criminalidade e narcotráfico têm recorrido de forma crescente à autocensura. Violações dos direitos humanos, narcotráfico, criminalidade, corrupção, e outros temas que afetam a vida diária da população não estão recebendo cobertura jornalística.
Após um violento ataque contra o diário El Mañana, na cidade fronteiriça de Nuevo Loredo, o governo mexicano reconheceu que a violência contra a imprensa era um problema nacional ao criar uma procuradoria especial para investigar crimes contra jornalistas, em fevereiro de 2006. Infelizmente, o sistema de justiça mexicano tem sido incapaz de pôr fim a este ciclo de violência e parece longe de resolver qualquer um dos casos recentes.
Em resposta à preocupação apresentada pelo CPJ, o embaixador Sarukhan afirmou à delegação do CPJ que “temos que assegurar que a procuradoria especial de delitos contra a imprensa tenha dentes para que possa cumprir integralmente o mandato para o qual foi criada”.
A delegação também transmitiu preocupação pela investigação estancada sobre o assassinato do jornalista norte-americano Brad Will, que foi baleado em outubro de 2006 enquanto cobria os confrontos entre manifestantes e funcionários locais, em Oaxaca. A delegação do CPJ incluiu a integrante da diretoria Clarence Page, do jornal Chicago Tribune, o diretor executivo do CPJ, Joel Simon, e o coordenador do programa das Américas, Carlos Lauría.
Em 9 de abril, o CPJ enviou uma carta ao presidente Felipe Calderón instando o governo federal a tomar medidas rápidas e decisivas para pôr fim à onda de violência após a execução do veterano jornalista Amado Ramírez Dillanes, em Acapulco. O CPJ exortou Calderón a fazer da proteção à imprensa um marco de sua administração ao apoiar uma legislação que transforme em crime federal a conspiração, através da violência ou outros meios, contra o direito à liberdade de expressão.
Sarukhan manifestou seu compromisso de facilitar reuniões com altos funcionários do governo na Cidade do México para continuar analisando as condições da liberdade de imprensa. “Realmente esperamos continuar nossas deliberações e trabalhar junto ao governo do México para pôr fim à onda de violência contra a imprensa” afirmou Simon, do CPJ.