Nova York, 13 de julho de 2007—Um jornalista do San Antonio Express-News foi temporariamente transferido de seu local de trabalho, na cidade fronteiriça de Laredo, depois que uma fonte das forças de segurança norte-americanas advertiu que um jornalista norte-americano não identificado figura como suposto alvo em uma lista de uma organização criminosa mexicana, informou hoje o editor do diário. A Associação de Correspondentes Estrangeiros no México também enviou um alerta aos jornalistas que trabalham na fronteira entre o México e os Estados Unidos para que tomem precauções em seu trabalho.
O editor do Express-News, Robert Rivard, informou ao CPJ que Mariano Castillo, correspondente do jornal em Laredo, havia abandonado a cidade fronteiriça por precaução. Rivard afirmou que o diário havia recebido informações de que um grupo criminal conhecido como Zetas havia incluído um jornalista norte-americano em uma lista de pessoas a serem eliminadas. Rivard sustentou que a informação da fonte não era uma advertência oficial; a informação não incluía o nome do jornalista.
“Não sabemos se a informação é confiável, mas queremos ser cautelosos e manteremos Castillo longe da fronteira até que obtenhamos mais informações” disse Rivard. Os Zetas fazem parte do braço armado do cartel do Golfo. O grupo teve origem no final dos anos 90, quando o cartel do Golfo começou a recrutar desertores do exército mexicano.
Também hoje, a Associação de Correspondentes Estrangeiros enviou uma nota de alerta para advertir os jornalistas que têm planos de viajar com destino à cidade mexicana de Nuevo Laredo para serem “extremamente cuidadosos e conscientes dos riscos”, especialmente aqueles que trabalham com notícias relacionadas ao narcotráfico. “Temos informações de fontes muito confiáveis sobre possibilidade de que qualquer correspondente dos Estados Unidos ou de outro país na região fronteiriça poderia ser vítima de um atentado por parte de assassinos contratados por este cartel”, assinalou um comunicado da associação.
Bob Mong, diretor do jornal The Dallas Morning News, declarou que leva as ameaças muito a sério. O editor informou que o Dallas Morning News não revela os planos de seus repórteres, mas assegurou que mudaria a cobertura da região fronteiriça. “Continuaremos informando sobre temas importantes nesta região. Nossos leitores esperam, querem e necessitam desse tipo de informação. Este tipo de barbárie simplesmente não pode afetar a liberdade de imprensa”, acrescentou Mong.
A embaixada norte-americana na Cidade do México reagiu ante os informes. “As ameaças contra jornalistas, em uma tentativa de intimidá-los para que não informem a verdade, deve ser condenada por todos nós que compreendemos o papel importante de uma imprensa livre em uma sociedade democrática”, declarou Antonio Garza, embaixador dos Estados Unidos no México, em um comunicado emitido hoje. “Trabalharemos com as autoridades nos Estados Unidos e no México para que seja feito todo o possível para garantir a segurança dos jornalistas norte-americanos que realizam seu trabalho em ambos os lados de nossa fronteira comum”.
Jornalistas mexicanos que trabalham na fronteira enfrentam rotineiramente ameaças e ataques violentos, o que ocasionou uma autocensura generalizada. Em uma recente reunião com o embaixador mexicano nos Estados Unidos, Arturo Sarukhan, o CPJ instou o governo federal a tomar medidas imediatas para garantir a segurança da imprensa.