Nova York, 6 de dezembro de 2006 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) está indignado com a detenção de um jornalista cubano que trabalhava para uma agência de imprensa independente e pela prisão de um dissidente que tentava abrir outra agência de imprensa.
Agentes da polícia nacional e da segurança de Estado entraram, na última segunda-feira, na casa do jornalista independente Ahmed Rodríguez Albacia, em Havana, e confiscaram um computador, gravadores, um aparelho de fax e vários documentos, disse um vizinho ao site de notícias Cubanet, sediado em Miami. Rodríguez Albacia, repórter da agência independente de imprensa Jóvenes sin Censura (Jovens sem Censura), está detido incomunicável na delegacia de polícia 100 y Aldabó, disse ao CPJ o ativista de direitos humanos Juan Carlos González Leyva.
As autoridades informaram à família de Rodríguez Albacia que o jornalista poderia permanecer detido, sem acusações, por pelo menos um ano, afirmou González Leyva. O jornalista esteve detido por dois dias em setembro, mas a polícia não apresentou acusações contra ele. Em uma entrevista ao CPJ, após sua libertação, Rodríguez Albacia disse que havia sido ameaçado de ir para a prisão se continuasse trabalhando como jornalista independente.
Em outro caso, um tribunal municipal na cidade central de Sancti Spíritus sentenciou, na terça-feira, o ativista de oposição Raimundo Perdigón Brito a quatro anos de prisão por ter criado uma agência de notícias independente.
Perdigón Brito, dissidente e ativista de direitos humanos, foi condenado por acusações de “periculosidade social”, segundo informes da imprensa e de fontes do CPJ. Este é um delito definido de modo impreciso pelo Código Penal cubano, e utilizado para silenciar os críticos. Segundo o artigo 72 do Código Penal, “se considera perigosa qualquer pessoa que tenha uma tendência especial para cometer delitos, demonstrada por uma conduta que observa contradição manifesta com as normas da moral socialista”.
As autoridades locais detiveram Perdigón Brito em 29 de novembro após o terem intimado para um interrogatório, disse ao CPJ o jornalista independente Guillermo Fariñas. Disseram a Perdigón Brito que ele seria libertado, e poderia continuar com seu ativismo de oposição, se concordasse em fechar a agência de imprensa independente Yayabo Press, que ele e sua irmã Ana Maria Perdigón Brito inauguraram em 17 de novembro, de acordo com Fariñas.
Perdigón Brito e sua irmã fizeram um curso de jornalismo com Farinas em 2005 e trabalharam por pouco tempo para a agência independente de notícias Cubanacán Press, revelou Fariñas. No entanto, ainda não haviam escrito nenhum artigo para a sua nova agência.
“As autoridades cubanas não somente prendem jornalistas como, também, futuros repórteres”, declarou o Diretor Executivo do CPJ, Joel Simon. “A sentença de quatro anos emitida contra Raimundo Perdigón Brito, antes que sua nova agência publicasse uma notícia, é uma aberração. Condenamos seu encarceramento e também a detenção de nosso colega Ahmed Rodríguez Albacia. Exortamos as autoridades cubanas a liberarem Rodrigues Albacia e Perdigón Brito, assim como os outros 24 jornalistas detidos nas prisões de Cuba”.
O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo.