Jornalista de TV seqüestrado é libertado após emissora veicular fita dos seqüestradores

Nova York, 14 de agosto de 2006 – Um repórter de televisão brasileiro, seqüestrado por uma gangue criminosa de São Paulo, foi libertado ileso hoje após a emissora em que trabalha transmitir uma mensagem dos seqüestradores denunciando as condições do sistema prisional.

O repórter Guilherme de Azevedo Portanova e o auxiliar técnico Alexandre Coelho Calado, da TV Globo de São Paulo, foram capturados no sábado por membros do grupo Primeiro Comando da Capital (PCC), conforme noticiado pela imprensa internacional.

Calado foi libertado na noite de sábado com uma mensagem gravada pela gangue exigindo melhoras nas condições do sistema carcerário brasileiro. Os seqüestradores alertaram Calado que Portanova seria morto se a TV Globo não transmitisse a mensagem. A TV Globo veiculou o vídeo de três minutos, com um homem mascarado não identificado que se identificava como membro do PCC, no início do domingo.

De acordo com a imprensa brasileira, a TV Globo veiculou a fita após consultar empresas internacionais de segurança. A polícia local disse à imprensa temer que a transmissão possa estimular novos seqüestros.

“Embora estejamos preocupados que este tipo de seqüestro possa continuar, nos solidarizamos com nossos colegas da Rede Globo que enfrentaram um impossível dilema”, disse Joel Simon, diretor-executivo do Comitê para a Proteção dos Jornalistas. “Nós estamos aliviados por nossos colegas Guilherme de Azevedo Portanova e Alexandre Coelho Calado terem sido libertados ilesos, e apelamos às autoridades que levem os responsáveis pelo seqüestro à justiça”.

Portanova cobriu a onda de ataques do PCC em São Paulo, em maio. O PCC, formado em 1993 por prisioneiros das superlotadas e violentas prisões de São Paulo, atualmente está envolvido em atividades criminais por todo o estado de São Paulo, de acordo com a imprensa. Em maio, os protestos do PCC contra um plano para transferir os líderes da gangue encarcerados na cidade para uma prisão distante deixaram mais de 100 pessoas mortas.

O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo.