Nova York, 25 de maio de 2006 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) está preocupado que uma exortação da Assembléia Legislativa do estado de Bolívar, pedindo o despejo do diário Correo del Caroní por uma disputa urbanística, seja uma tentativa de silenciar o jornal por seus informes críticos sobre a corrupção no governo local.
A Assembléia Legislativa indicou, em seu ofício de 19 de maio, que a compra da propriedade em que se encontram os escritórios do Correo del Caroní, há 29 anos atrás, por parte da Editorial Roderick era ilegal, informou a imprensa local. Segundo o documento, os escritórios estão situados em uma área que não é zona de atividade comercial e, portanto, sua venda a Editorial Roderick não foi válida. A Assembléia Legislativa pediu ao prefeito de Caroní, Clemente Scotto, que demolisse o edifício e revogasse a patente comercial do diário.
David Media, porta-voz do governador de Bolívar, Francisco Rangel Gómez, informou ao CPJ que o pedido está baseado em uma investigação de dois meses iniciada depois que dois vizinhos denunciaram a ocupação ilegal do edifício por parte do Correo del Caroní.
Robinson Lizano, diretor de informação do Correo del Caroní, disse ao CPJ que o jornal tem documentos que comprovam que o edifício foi comprado de maneira legal. Ressaltou que o pedido da Assembléia Legislativa é parte de uma campanha do governador Rangel para silenciar as críticas do diário sobre a corrupção no governo local. Lizano esclareceu que Rangel havia advertido o Correo del Caroní, três dias antes da apresentação da denúncia, que o governo planejava investigá-lo por apropriação ilegal de propriedade.
Em uma nota oficial enviada ao CPJ, Medina negou que o pedido fosse uma tentativa de amordaçar o diário. Disse que as recomendações apresentadas não tinham poder legal. O prefeito Scotto, que terá que tomar a decisão final, informou ao CPJ que ainda não havia recebido o documento.
“O ofício da Assembléia Legislativa e seu pedido para despejar o Correo del Caroní são uma clara tentativa para castigar o jornal por sua cobertura crítica”, disse a Diretora-executiva do CPJ, Ann Cooper. “Instamos as autoridades a abster-se de desalojar o diário e de demolir seus escritórios”.