Nova York, 6 de abril de 2006— O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) está preocupado com as informações, segundo as quais, um jornalista encarcerado foi agredido, outro teve tratamento médico negado no presídio, e uma terceira profissional foi ameaçada de prisão caso continue escrevendo.
Em 28 de março, um guarda empurrou o jornalista independente Normando Hernández González escada abaixo, informou ao CPJ Juan Carlos González Leiva, presidente da Fundação Cubana de Direitos Humanos. Depois, outros guardas arrastaram Hernández por um corredor e o encerraram em uma cela durante sete horas, conforme denunciou González Leiva após falar por telefone com o jornalista, em 29 de março.
González Leiva afirmou que, anteriormente, os guardas já haviam torcido os braços de Hernándes e batido nas plantas de seus pés com uma tábua de madeira. As agressões ocorreram depois que Hernández solicitou atenção médica, se recusou a ficar em fila e protestou por estar preso com criminosos comuns, explicou González Leiva.
Hernández, do grupo Colegio de Periodistas Independientes de Camagüey (Colegiado de Jornalistas Independentes de Camagüey), foi sentenciado a 25 anos de prisão em março de 2005. Está cumprindo sua sentença na prisão Kilo 5 1/2 , em Piñar del Rio, a 700 quilômetros de sua casa, em Camagüey. Sua saúde se deteriorou desde a sua detenção, informou González Leiva.
Ao jornalista independente Oscar Mario González, que está detido sem acusações desde julho de 2005, foi negado tratamento médico para a sua gastrite crônica e alta pressão arterial, denunciou ao CPJ sua esposa Mirta Wong. Em 18 de janeiro, González foi transportado dos escritórios centrais do Departamento Técnico de Investigações para a prisão 1580, em Havana. Desde então, não foi examinado por um médico nem recebeu medicamentos, informou Wong. A esposa disse ter sido proibida de entregar os medicamentos ao seu marido. Os oficiais do presídio disseram que González não pode ser atendido até que eles tenham recebido um certificado com seu histórico judicial e médico. Segundo Wong, as autoridades informaram que o certificado havia se extraviado.
González trabalhava para a agência de notícias Grupo de Trabajo Decoro (Grupo de Trabalho Decoro), cuja diretora, Ana Leonor Díaz Chamizo, foi detida por dois policiais à paisana em 25 de março por uma suposta infração de trânsito. Díaz informou ao CPJ que foi escoltada até uma delegacia de polícia em Havana, onde foi mantida em uma sala desocupada por quase três horas. Dois agentes da Segurança do Estado a questionaram mais tarde e a ameaçaram de prisão caso não deixe de informar sobre jornalistas independentes.
“Estamos muito preocupados com o tratamento dado a estes jornalistas presos”, declarou a Diretora-executiva do CPJ, Ann Cooper. “Instamos as autoridades cubanas a libertarem os 24 jornalistas atualmente encarcerados e a suspenderem a perseguição a todos os jornalistas”.