Nova York, 24 de março de 2006 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condena a constante perseguição a jornalistas independentes por parte das autoridades cubanas, e o fracasso em proporcionar tratamento médico adequado aos jornalistas detidos.
Em 21 de fevereiro, o jornalista independente Jorge Olivera Castillo, que foi libertado sob condicional por motivos de saúde em dezembro de 2004, foi intimado pelo Tribunal Popular de Havana e recebeu a ordem de vincular-se a um centro de trabalho escolhido pelo Tribunal. Olivera disse ao CPJ que foi proibido de participar de reuniões de caráter político e sair de Havana.
Olivera foi sentenciado a 18 anos de prisão em março de 2003, durante uma campanha massiva de repressão contra a imprensa independente. Durante sua liberdade condicional, Olivera colaborou com o site de notícias CubaNet, radicado em Miami, e com outras publicações internacionais. Se não cumprir as medidas impostas pelo Tribunal sua liberdade condicional poderá ser revogada, explicou Olivera.
“É vergonhoso que Cuba, o país com o maior número de jornalistas presos depois da China, continue perseguindo jornalistas mesmo depois de libertá-los” disse a Diretora-executiva do CPJ, Ann Cooper. “Atualmente, Cuba tem 24 jornalistas no cárcere simplesmente por terem exercido seu direito a expressar-se livremente. Instamos as autoridades cubanas a libertar os 24 jornalistas presos imediatamente, e a pôr fim à perseguição contra a imprensa”.
Em 13 de fevereiro, o jornalista independente Roberto Santana Rodríguez foi intimado a comparecer a uma delegacia policial em Havana, onde foi interrogado sobre seu trabalho. Um agente mostrou a ele um arquivo que continha artigos seus de 2005. Santana informou ao CPJ que o ameaçaram de prisão caso não interrompa seu trabalho jornalístico.
A esposa do jornalista preso Albert Santiago Du Bouchet Hernández, diretor da agência de notícias independente Habana Press, disse ao CPJ que seu marido tem sofrido de fortes dores de cabeça e está perdendo progressivamente sua visão, desde que foi detido em agosto de 2004. Bárbara Pérez Araya explicou que o marido manteve uma greve de fome durante nove dias, em dezembro de 2005, para reclamar atenção médica. Finalmente, em 6 de janeiro foi levado ao hospital Julio Trigo, em Arroyo Naranjo, onde os médicos estão avaliando suas condições.
Du Bouchet foi sentenciado a um ano de prisão em agosto de 2005, depois de um julgamento que durou três dias. Sua família só ficou sabendo depois que ele conseguiu enviar um bilhete da prisão. Ele foi preso quando fazia uma cobertura jornalística durante uma viagem a Artemisa, uma cidade a 39 milhas (60 quilômetros) de Havana. Foi acusado de desacato ao chefe da unidade policial e de resistência à prisão.
Santana também contou ao CPJ que o jornalista José Ubaldo Izquierdo Hernández disse estar sofrendo de severos problemas gastrintestinais. Foi examinado por um médico na prisão, mas não recebeu um atendimento médico adequado. Santana falou com Izquierdo recentemente. Izquierdo foi detido na onda repressiva de 2003 e sentenciado a 16 anos de prisão.
O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo.