Nova York, 30 de novembro de 2004 —O escritor cubano Raúl Rivero foi libertado hoje de uma prisão de Havana e é o segundo jornalista preso a receber liberdade condicional por motivos de saúde nos últimos dois dias. Outros 25 jornalistas presos em uma ofensiva que o governo empreendeu contra a imprensa independente em março de 2003 continuam encarcerados.
A libertação de Rivero e a do jornalista Oscar Espinosa Chepe nesta segunda-feira ocorrem no momento em que o governo cubano retomou os contatos diplomáticos formais com a Espanha, em um possível passo prévio à normalização das relações com a União Européia. Vários dissidentes presos também foram libertados.
“Saudamos a libertação de Rivero, mas não basta a dele. O governo cubano possui mais de duas dezenas de jornalistas presos sem nenhuma razão”, declarou Ann Cooper, diretora-executiva do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). “Exigimos a libertação imediata e incondicional de todos os jornalistas presos, e exortamos a comunidade internacional para que continue acompanhando de perto as ações do governo cubano”.
Cuba continua sendo um dos países com maior número de jornalistas presos, somente superada pela China. O CPJ e outras organizações têm mantido uma intensa campanha internacional para conseguir sua libertação.
Conhecido poeta e escritor, Rivero também era diretor da agência de notícias independente Cuba Press. Cumpria uma sentença de 20 anos de cárcere por cometer atos contra “a independência ou a integridade territorial do Estado”. Rivero, que este ano recebeu da UNESCO o prestigiado prêmio mundial à liberdade de imprensa Guillermo Cano, havia sido transferido em 26 de novembro de uma prisão na província central de Ciego de Ávila para o hospital da prisão Combinado del Este.
De acordo com o Código Penal cubano, os tribunais e o Ministério do Interior têm a faculdade de outorgar a liberdade condicional durante o tempo “que se considere necessário”. A liberdade condicional concedida a Rivero por motivos de saúde significa, na prática, que o governo poderia encarcerá-lo novamente se assim o decidir.
Outros jornalistas que nos últimos dias foram transferidos para o hospital de Combinado del Este continuam presos. As transferências, junto com os recentes contatos diplomáticos do governo cubano, alimentaram as especulações no sentido de que outras libertações seriam iminentes.
Edel José García continua preso em Combinado del Este, em Havana, segundo a família. Pablo Pacheco Ávila foi levado de volta para a prisão de Morón, na sua província natal de Ciego de Ávila, informou a esposa Oleivys García Echemendía. Pedro Argüelles Morán, ao que parece, continua em Combinado del Este, para onde foi levado para fazer exames médicos de rotina em 26 de novembro, disse sua esposa, Yolanda Vera Nerey.
José Ubaldo Izquierdo e Omar Ruiz Hernández, que também foram transferidos para Havana na semana passada, foram devolvidos para as prisões de Guanajay e Canaleta, respectivamente. Jorge Olivera Castillo, transferido para o Combinado del Este na semana passada, ao que parece, continua neste estabelecimento penitenciário.