Partidários do governo atacam meios de comunicação

Nova York, 4 de maio de 2004 – Partidários do presidente venezuelano Hugo Chávez Frías, incomodados com a possibilidade de que o mandatário seja submetido a um referendo revocatório, atacaram ontem as instalações de dois meios de comunicação.

Por volta da uma da tarde, dezenas de partidários do governo lançaram pedras e outros objetos contra a sede do canal Radio Caracas Televisión (RCTV). Os agressores se apoderaram de um caminhão e o chocaram contra a entrada principal do canal e colocaram fogo no veículo, disse ao Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) o jornalista da RCTV Luis Domingo Alvarez. Efetivos da Guarda Nacional chegaram aos 20 minutos e os agressores se retiraram. A maioria do pessoal da RCTV teve que ser evacuado.

Duas horas depois, um grupo de cerca de 20 pessoas atacou a sede do diário El Nacional, no centro de Caracas. Segundo Antonio Fernández, editor de política do diário, os atacantes lançaram garrafas e pedras contra o edifício e destruíram várias janelas. Além disso, queimaram um caminhão de distribuição do El Nacional.

Os agressores também estraçalharam um caminhão contra a grade do estacionamento do edifício e causaram danos a vários carros pertencentes aos trabalhadores do diário. Depois invadiram a sede administrativa do diário Así es la Noticia, de propriedade da mesma editora de El Nacional, e destroçaram computadores, mobiliários e janelas. Dispersaram-se por volta das 5 da tarde, quando efetivos da Guarda Nacional se apresentaram para restabelecer a ordem.

Os ataques contra os meios de comunicação ocorreram quando os venezuelanos aguardavam um anúncio oficial por parte do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) sobre os resultados de um processo de verificação de assinaturas, conhecido como reparo, que poderia impulsionar um referendo para revogar o mandato do presidente Chávez.

Durante a tarde de ontem, o CNE anunciou que foram recolhidas assinaturas suficientes para convocar um referendo revocatório. O presidente Chávez, que havia acusado a oposição de cometer fraude no recolhimento de assinaturas, declarou que aceitava a decisão e que começaria uma campanha para derrotar o referendo.

As relações entre o governo venezuelano e os meios de comunicação continuam tensas. O presidente Chávez freqüentemente ataca os meios de comunicação privados, aos quais acusa de promover a agenda política dos partidos de oposição.

“O CPJ condena estes ataques e faz um apelo às autoridades venezuelanas para que submetam os responsáveis à justiça”, declarou Ann Cooper, Diretora-Executiva do CPJ.

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