Rio de Janeiro, 11 de maio de 2020 – As autoridades brasileiras devem investigar minuciosamente o recente ataque a tiros contra o radialista Fábio Márcio e responsabilizar os autores, informou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Em 28 de abril, por volta das 10h30, uma pessoa não identificada disparou uma bala no veículo que Márcio estava dirigindo na cidade de Piritiba, no nordeste da Bahia, de acordo com informações da imprensa e do jornalista, que conversou com o CPJ em uma entrevista realizada por telefone.
Um fragmento de projétil atravessou o teto do carro, mas não feriu Márcio, que apresenta um programa diário de notícias na emissora privada Aymoré FM, nem seu colega, que também estava no veículo, disse Márcio ao CPJ. Ele falou que não conseguiu ver onde o atirador estava localizado e não parou o veículo após o ataque.
“As autoridades brasileiras devem investigar detalhadamente o ataque a tiros contra o jornalista Fábio Márcio e garantir que os responsáveis sejam levados à Justiça”, disse em Nova York a coordenadora do programa das Américas Central e do Sul do CPJ, Natalie Southwick. “Os radialistas são uma fonte vital de informação em pequenas cidades do Brasil e as autoridades devem garantir que possam continuar a informar o público com segurança”.
Márcio disse ao CPJ que não recebeu nenhuma ameaça recentemente e especulou que o ataque pode ter sido uma resposta à sua cobertura de notícias locais, mas não conseguiu identificar nenhuma reportagem que possa ter irritado alguém. Ele informou que cobre notícias gerais na região e política durante os anos eleitorais, incluindo 2020.
Márcio contou ao CPJ que denunciou o caso à delegacia regional de Jacobina. E acrescentou que agora está apresentando seu programa de rádio em casa para sua segurança.
A assessoria de imprensa da Polícia Civil da Bahia informou ao CPJ por e-mail que estava investigando o tiroteio e solicitou uma análise forense do veículo e do fragmento de projétil.
Em 2010, um grupo de pessoas atacou as instalações da Brilhante FM, onde Márcio estava trabalhando na época, em resposta à denúncia de suposta corrupção por candidato em uma eleição local, de acordo com informações da imprensa local. Os agressores espancaram alguns dos funcionários da estação de rádio antes da chegada da polícia, segundo essas reportagens. Márcio disse que não ficou ferido no incidente.
Desde o início de 2018, os jornalistas de rádio brasileiros estão sujeitos a ameaças de morte, ataques a bomba, tiroteios enquanto dirigiam e ameaças de políticos, segundo uma pesquisa do CPJ. Pelo menos dois radialistas, Jairo Souza e Jefferson Pureza Lopes, foram mortos no período, segundo uma pesquisa do CPJ.