Nova York, 10 de julho de 2012 – As autoridades brasileiras devem investigar o assassinato do radialista Valério Luiz de Oliveira e prender os autores, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas. Luiz foi morto a tiros na tarde de quinta-feira em Goiânia, no centro-oeste do país, de acordo com as informações da imprensa.
Um pistoleiro não identificado em uma motocicleta atirou ao menos quatro vezes em Luiz, 49, em frente à Rádio Jornal 820 AM, onde era cronista esportivo, informou a imprensa. Luiz era conhecido por seus comentários críticos, especialmente em relação à gestão do time de futebol Atlético Goianiense, segundo matérias veiculadas. Recentemente, ele havia sido proibido de entrar nas instalações do clube, segundo reportagens.
“Nós condenamos o assassinato de Valério Luiz de Oliveira e pedimos às autoridades brasileiras que levem os responsáveis à justiça”, disse Carlos Lauría, coordenador sênior do programa do CPJ para as Américas. “A violência letal contra a imprensa vem aumentado no Brasil nos últimos dois anos, e está minando a habilidade dos jornalistas de informar criticamente sobre qualquer questão importante para o público”.
Manoel de Oliveira, pai do jornalista e conhecido comentarista esportivo, disse acreditar que a morte do filho está relacionada aos comentários que fazia e afirmou “perdi meu filho para o futebol”, informou a TV Globo. A esposa de Luiz, Lorena Nascimento de Oliveira, disse que ele havia contado a ela estar preocupado com problemas que teve com pessoas envolvidas com o esporte, noticiou a Globo. Ela não forneceu mais detalhes. Adriana Ribeiro Barros, delegada titular da Delegacia de Investigação de Homicídios, observou que o jornalista tinha opiniões controversas e que investigariam a possibilidade do motivo estar relacionado ao trabalho, de acordo com as informações da imprensa.
A diretoria do Atlético Goianiense emitiu uma nota de repúdio ao assassinato e pediu uma profunda investigação do crime. “Valério Luiz se caracterizava por seus comentários, que em alguns momentos desagradou alguns setores do clube, porém, por outro lado, a opinião forte do cronista já serviu até para a tomada de decisões que colaboraram desta forma com o crescimento do Atlético”, diz a declaração.
Pelo menos nove jornalistas foram mortos no Brasil em 2011 e 2012, ao menos quatro deles em relação direta com a profissão, segundo a pesquisa do CPJ. O Brasil apareceu pelo segundo ano consecutivo no Índice de Impunidade 2012 do CPJ, que destaca os países onde jornalistas são assassinados com frequência e os responsáveis ficam livres.
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