CPJ reconhece jornalistas destemidas no Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa de 2024

As homenageadas (da terceira a partir da esquerda) Quimy de León, Samira Sabou e Alsu Kurmasheva participam da entrega do Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa 2024 do CPJ em 21 de novembro na cidade de Nova York, juntamente com o apresentador John Oliver (à esquerda), Perrine Daubas, que aceitou um prêmio póstumo para seu marido, Christophe Deloire (segunda a partir da esquerda), Jodie Ginsberg, CEO do CPJ (segunda a partir da direita) e Jacob Weisberg, presidente do conselho do CPJ. A premiada Shrouq Al Aila não teve permissão para sair de Gaza para o evento. (Foto: Dia Dipasupil/Getty Images)

Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa 2024

Nova York, 22 de novembro de 2024 — O Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) celebrou quatro jornalistas de Gaza, Guatemala, Níger e Rússia na 34ª edição anual do Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa 2024 (IPFA, na sigla em inglês), em Nova York, na quinta-feira, arrecadando US$ 2,4 milhões para proteger jornalistas em todo o mundo.

Todas as premiadas de 2024 foram homenageadas por sua coragem em reportar sobre suas comunidades enquanto enfrentavam guerras, prisões, repressão governamental e esforços crescentes para criminalizar seu trabalho. 

As premiadas deste ano foram: Shrouq Al Aila, jornalista palestina radicada em Gaza e diretora do Ain Media; Quimy de León, jornalista guatemalteca e cofundadora da Prensa Comunitaria; Samira Sabou, uma das jornalistas investigativas mais proeminentes do Níger; e Alsu Kurmasheva, jornalista e editora da Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL), dos EUA e da Rússia, presa pela Rússia em 2023. 

Em seu discurso, a CEO do CPJ, Jodie Ginsberg, lamentou o assassinato sem precedentes de jornalistas nos últimos anos, especialmente na guerra Israel-Gaza. “Essas mortes deveriam nos chocar e assustar. Deveriam nos enfurecer”, disse. “No CPJ, há mais de quatro décadas nos comprometemos com a humanidade”, disse Ginsberg. “Mas este ano tem sido como nenhum outro. Documentamos meticulosamente os ataques cada vez mais frequentes à imprensa, soamos o alarme sobre esses ataques e exigimos ação dos que estão no poder — sejam assassinatos em Gaza, sejam prisões na Rússia ou assédio na Índia.”

A cerimônia de premiação foi conduzida por John Oliver, apresentador do programa Last Week Tonight com John Oliver, que elogiou o compromisso das premiadas com o jornalismo. “A coragem silenciosa e a perseverança das premiadas desta noite são notáveis. Mas elas não se consideram notáveis. Dizem estar apenas fazendo seu trabalho como repórteres”, disse Oliver.

A jornalista e homenageada do IPFA Shrouq Al Aila caminha duas ou três horas por dia para chegar a lugares em Gaza onde faz reportagens sobre a guerra. (Imagem do vídeo: Ain Media)

Leila Fadel, apresentadora do programa Morning Edition da NPR, reconheceu Al Aila à revelia, pois Israel não permitiu que a jornalista deixasse Gaza para participar da premiação. Al Aila assumiu o cargo de diretora do Ain Media após o assassinato de seu marido, Roshdi Sarraj, em 22 de outubro de 2023 pelo exército israelense. “Decidi continuar o trabalho de Roshdi, pois acredito que uma vez que você é jornalista, você é jornalista para toda a vida”, disse Al Aila, em um vídeo exibido na cerimônia.

De León, que cobre questões ambientais e de direitos humanos enfrentadas por comunidades marginalizadas na Guatemala, falou de seu anseio “por uma Guatemala onde, mais cedo ou mais tarde, toda a turbulência política, econômica e social causada por uma minoria antidemocrática agarrada aos vícios do passado nos permita celebrar nossas conquistas sem medo”. De León recebeu o prêmio das mãos de Maribel Perez Wadsworth, presidente e CEO da John S. and James L. Knight Foundation.

Julie Owono, diretora executiva da Internet Sans Frontières e membro do conselho do CPJ, entregou o prêmio a Sabou, presa, detida e submetida a anos de perseguição legal por suas reportagens no Níger. “A esperança nos permite permanecer de pé, mesmo que por instinto de sobrevivência sejamos frequentemente obrigadas a nos curvar, a recuar, a nos autocensurar”, disse Sabou. “Temos esperança de que as coisas mudarão em termos de liberdade de imprensa, expressão e opinião no espaço digital no Níger, onde a profissão de jornalismo online ainda não é reconhecida, apenas tolerada.”

Radhika Jones, editora-chefe da Vanity Fair, entregou o prêmio a Kurmasheva, que cobriu questões de direitos humanos que afetam minorias étnicas na Rússia. Em agosto de 2024, Kurmasheva foi libertada de uma prisão russa como parte de uma histórica troca de prisioneiros. “Estar aqui hoje com este prêmio é algo com que nunca sonhei. O único prêmio com o qual sempre sonhei foi a satisfação de servir ao meu público para levar notícias precisas e sem censura à minha minoria étnica — os tártaros —, em nosso idioma nativo”, disse Kurmasheva.

O conselho do CPJ homenageou postumamente Christophe Deloire, que foi diretor geral da organização de liberdade de imprensa Repórteres Sem Fronteiras (RSF), com o Prêmio Gwen Ifill de Liberdade de Imprensa de 2024, em reconhecimento à “realização extraordinária e sustentada de Deloire na causa da liberdade de imprensa”.

Melissa Fleming, subsecretária-geral das Nações Unidas para Comunicações Globais, destacou o legado de Deloire na defesa da liberdade de imprensa em todo o mundo. Ela entregou o prêmio a Perrine Daubas, viúva de Deloire. “Sob a liderança de Christophe, a RSF trabalhou lado a lado com o CPJ, unidos por uma missão compartilhada: proteger aqueles que se colocam em risco para revelar a verdade, que se mantêm resilientes para que a luz possa alcançar até mesmo os cantos mais escuros”, disse Daubas. “Christophe gostava muito desse primo americano, um verdadeiro companheiro de armas. “

O jantar beneficente anual, realizado na cidade de Nova York, foi presidido por Jessica E. Lessin, fundadora e CEO do The Information. Os fundos arrecadados apoiarão o trabalho global do CPJ na defesa da liberdade de imprensa e na prestação de assistência direta a jornalistas em dificuldades.

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Sobre o Comitê para a Proteção de Jornalistas

O Comitê para a Proteção de Jornalistas é uma organização independente e sem fins lucrativos que promove a liberdade de imprensa em todo o mundo. Defendemos o direito dos jornalistas de reportar as notícias com segurança e sem medo de represálias.

Para entrevistar um premiado ou especialista do CPJ, por favor, envie um e-mail para press@cpj.org. Vídeos com o perfil dos premiados e da cerimônia estão disponíveis aqui. As fotos do evento estão acessíveis na Getty Images.

Vencedores do Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa de 2024 do CPJ:

Shrouq Al Aila, Faixa de Gaza

Alsu Kurmasheva, EUA – Rússia

Quimy de León, Guatemala

Samira Sabou, Níger

Christophe Deloire, laureado com o Prêmio de Liberdade de Imprensa Gwen Ifill

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