Cidade do México, 7 de dezembro de 2012 – As autoridades mexicanas devem libertar imediatamente um fotojornalista freelance romeno que foi detido no sábado quando cobria um protesto relacionado à posse presidencial, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
A polícia prendeu Mircea Topolenau, um cidadão romeno que vive no México, e o acusou de participar de um tumulto depois que ele não conseguiu mostrar uma credencial oficial de jornalista, informou sua advogada, Rosa María Rodríguez. Ela também disse que Topolenau não havia podido provar que esteve fotografando o evento porque os policiais tomaram a sua câmera quando ele foi detido. Topolenau estava cobrindo a manifestação de sábado na capital, onde milhares de pessoas se reuniram para protestar contra a posse do novo presidente do México, Enrique Peña Nieto.
Rodríguez contou que a polícia não providenciou um tradutor para Topolenau durante seus dois primeiros dias sob custódia, apesar de a lei na Cidade do México exigir que um tradutor seja fornecido a qualquer um que não fale espanhol. Topolenau está detido no Reclusorio Norte, uma prisão na cidade do México conhecida por sua severidade. Se for considerado culpado, ele pode enfrentar de cinco a 37 anos de prisão, explicou sua advogada ao CPJ.
Laura Woldenburg, executiva da Vice México, a edição mexicana da revista internacional impressa e online Vice, disse quarta-feira ao tribunal que Topolenau havia sido designado para o evento pelo meio de comunicação, mas que o contrato era verbal, de acordo com Rodríguez. A executiva explicou que Topolenau trabalhou ocasionalmente como fotógrafo cobrindo eventos sociais e culturais no México, o que geralmente não exige ter carteira de jornalista. O promotor argumentou no tribunal que Topolenau não podia provar ser um jornalista por não possuir um contrato por escrito, segundo Rodríguez.
Jornalistas freelance em todo o mundo frequentemente possuem acordos verbais com seus empregadores. Muitos trabalham com a expectativa de vender seu trabalho para potenciais clientes depois de uma cobertura ter sido realizada.
“É ultrajante que as autoridades mexicanas continuem a deter o fotógrafo Mircea Topolenau por quase uma semana quando é evidente que ele é apenas um jornalista que tentava realizar o seu trabalho”, disse em Nova York o coordenador sênior do programa das Américas do CPJ, Carlos Lauría. “Não é um bom sinal que esta prisão tenha ocorrido no primeiro dia de mandato do presidente Enrique Peña Nieto, que assume na esteira do período mais repressivo para a imprensa mexicana na história do país. As autoridades devem libertar Topolenau imediatamente”.
O chefe da Comissão de Direitos Humanos da Cidade do México disse, na quinta-feira, que a polícia reagiu de forma exagerada durante os protestos e fez várias detenções arbitrárias. Uma investigação realizada pela comissão constatou que pelo menos 22 dos 88 detidos haviam sido presos sem motivo.
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