Uma área fumegante na região de Alvorada da Amazônia, em Novo Progresso, Pará, Brasil, em 25 de agosto de 2019. O jornalista brasileiro Adecio Piran foi ameaçado em 28 de agosto após reportar sobre incêndios na região. (Foto AP / Leo Correa)
Uma área fumegante na região de Alvorada da Amazônia, em Novo Progresso, Pará, Brasil, em 25 de agosto de 2019. O jornalista brasileiro Adecio Piran foi ameaçado em 28 de agosto após reportar sobre incêndios na região. (Foto AP / Leo Correa)

Jornalista brasileiro Adecio Piran ameaçado após noticiar incêndios na Amazônia

Rio de Janeiro, 30 de agosto de 2019 – As autoridades brasileiras devem investigar minuciosamente as ameaças contra o repórter Adecio Piran, ajuizar os responsáveis e garantir a segurança do repórter, afirmou hoje o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ).

Piran, proprietário do jornal e site Folha do Progresso no município de Novo Progresso, no norte do Pará, disse ao CPJ que grupos locais de produtores rurais distribuíram um folheto que continha sua foto e ataques contra ele e suas reportagens através de posts em redes sociais. grupos de mídia e WhatsApp. Ele contou que, em 28 de agosto, começou a receber ameaças por meio de aplicativos de mensagens. “Depois que este folheto foi distribuído, comecei a receber várias mensagens ameaçadoras dizendo que não era bem-vindo na cidade e que o jornal Folha do Progresso não deveria mais circular. Eles tentaram prejudicar a minha imagem de repórter”, disse Piran.

Segundo uma declaração pública conjunta da Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ) e do Sindicato dos Jornalistas do Pará, o folheto foi impresso e distribuído por toda a cidade. Segundo o comunicado e a agência de notícias ambiental local Amazônia Real, o folheto contém uma foto de Piran com palavras estampadas como “mentiroso” e “estelionatário”. O texto acusa Piran de compartilhar “notícias falsas” com a intenção de prejudicar a imagem da região, minando o progresso e retratando a cidade como uma “vilã na queima e no desmatamento”. Ele também acusa Piran de lucrar com mentiras e destruir o município. O folheto também pede às pessoas que não patrocinem o jornal se amam a cidade.

A Amazônia Real informou que as ameaças a Piran foram represálias por proprietários locais e produtores rurais depois que a Folha do Progresso publicou este mês que esses grupos estavam organizando um dia de incêndios coordenados. Os incêndios estão ocorrendo na floresta amazônica brasileira por grande parte do mês de agosto, de acordo com reportagens locais e internacionais.

“Pedimos às autoridades brasileiras que investiguem minuciosamente as ameaças recebidas pelo repórter da Folha do Progresso, Adecio Piran, e garantam que os jornalistas que cobrem os incêndios na região amazônica do país possam informar com segurança”, disse em Nova York o diretor de programas do CPJ, Carlos Martinez de la Serna. “Os jornalistas que cobrem questões ambientais cruciais frequentemente enfrentam ameaças de violência e devem ser protegidos.”

Piran disse ao CPJ que denunciou as ameaças à polícia local, que declarou estar investigando os responsáveis por espalhar o folheto e enviar as mensagens ameaçadoras, e espera ter mais informações na próxima semana.

Em resposta a um pedido de comentário enviado via WhatsApp, a polícia civil enviou um comunicado ao CPJ dizendo que está investigando o caso. A nota informava que conversaram com Piran e outra pessoa, que não identificaram, e que tomariam o testemunhos de outras pessoas no decorrer da investigação.

Felipe Gillet, representante da União de Jornalistas do Pará, disse ao CPJ que a violência contra ambientalistas no estado do Pará é comum e os jornalistas que noticiam questões ambientais são frequentemente ameaçados.