Uma visão de Bogotá, capital da Colômbia, em 3 de setembro de 2017. O prefeito de uma pequena cidade na Colômbia ameaçou um jornalista e disparou contra ele, informou o repórter ao CPJ. (Reuters / Henry Romero)
Uma visão de Bogotá, capital da Colômbia, em 3 de setembro de 2017. O prefeito de uma pequena cidade na Colômbia ameaçou um jornalista e disparou contra ele, informou o repórter ao CPJ. (Reuters / Henry Romero)

Prefeito colombiano ameaça e dispara contra jornalista local

Bogotá, Colômbia, 19 de dezembro de 2017 – As autoridades colombianas devem suspender imediatamente o prefeito de uma cidade no norte da Colômbia e realizar uma investigação rápida e confiável sobre os relatos de que ele ameaçou e atirou em um jornalista de uma rádio local, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Luis Carlos Ortiz disse ao CPJ que o prefeito Wilson González Reyes se aproximou dele na frente de sua casa em Rionegro por volta de 1 hora da manhã de domingo, quando o jornalista estava retornando de uma sessão de fotos. O repórter disse que González o repreendeu por sua cobertura crítica de notícias, agarrou-o pelo pescoço e, mais tarde, disparou contra o jornalista com uma pistola de 9mm.

“Ele disse que ia me matar”, contou Ortiz ao CPJ, lembrando o encontro com González.

Ortiz disse que a bala do prefeito não o atingiu por pouco e que relatou o ataque à polícia logo após González ir embora em seu carro.

O jornalista afirmou que agora teme por sua vida e está pensando em deixar Rionegro.

“É inaceitável que um funcionário público interfira com um jornalista que está fazendo seu trabalho, muito menos que o ameace de morte abertamente”, disse em Nova York o diretor-executivo adjunto do CPJ, Robert Mahoney. “Wilson González Reyes deve ser imediatamente suspenso de seu cargo de prefeito de Rionegro, enquanto as autoridades conduzem uma investigação completa sobre suas ameaças contra Luis Carlos Ortiz”.

O CPJ não conseguiu estabelecer contato com González nem com a polícia para que comentassem o caso. Quando o CPJ ligou para a prefeitura, o telefone foi desconectado.

Ortiz, de 27 anos, trabalha em Rionegro como fotógrafo de estúdio e apresentador de um programa noticioso, no período da manhã, com duas horas de duração na “La Voz de la Inmaculada”, uma estação de rádio comunitária operada pela Igreja Católica local. Ele também escreve para a página do Facebook Ciudad Rionegro, que apresenta notícias e eventos locais e disse ao CPJ que, há algum tempo atrás, neste ano, postou matérias – algumas com conteúdo original e outras de terceiros – na página sobre as más condições das estradas locais, a piscina pública da cidade e um artigo sobre a controvertida decisão do prefeito de fechar um centro para idosos em Rionegro.

Ortiz disse ao CPJ que as postagens no Facebook irritaram González e que, na noite do ataque, o prefeito gritou: “Não tenho medo do que dizem nas mídias sociais”.

Ortiz e o prefeito já tiveram discussões. O jornalista disse ao CPJ que, em 2015, González atingiu com o punho tanto ele quanto sua mãe, depois que Ortiz questionou o prefeito sobre a campanha de González que oferecia almoços gratuitos em troca de votos.

Sebastián Salamanca, da Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP), sediada em Bogotá, disse ao CPJ que sua organização pediu ao escritório do Procurador Geral que investigasse o incidente. Salamanca acrescentou que no domingo a FLIP solicitou proteção de emergência para Ortiz da Unidade Nacional de Proteção do governo, que não respondeu a esse pedido até o momento desta publicação.