CPJ pede investigação sobre assassinato de jornalista paraguaio

Nova York, 19 de maio de 2014 – As autoridades paraguaias devem conduzir uma investigação completa sobre a morte de um jornalista de rádio que baleado na sexta-feira, afirmou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). Fausto Gabriel Alcaraz Garay foi assassinado em Pedro Juan Caballero, cidade na fronteira com o Brasil, uma área que é particularmente perigosa para os jornalistas, segundo a pesquisa do CPJ.

Alcaraz, 28, umdos apresentadores de um programa matinal na Rádio Amambay chamado “De frente a la mañana” (De frente na parte da manhã), estava voltando para casa do trabalho no início da tarde, quando dois indivíduos não identificados em uma motocicleta atiraram repetidamente, de acordo com relatos da imprensa. A Associated Press informou que Alcaraz foi atingido por 17 balas. Os suspeitos fugiram do local imediatamente.

“Estamos alarmados com o assassinato de Fausto Gabriel Alcaraz Garay e instamos as autoridades a conduzir uma investigação completa e prender todos os responsáveis​​”, disse Carlos Lauria, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “A fronteira do Paraguai com o Brasil é uma área muito perigosa para a imprensa. As autoridades devem fornecer garantias de segurança para que a mídia local possa cobrir a área da fronteira sem medo de represálias”.

No programa de rádio, Alcaraz denunciava frequentemente o crime e o tráfico de drogas na  fronteira paraguaia, segundo informou o jornal de Assunção ABC Color. O proprietário da Rádio Amambay, o senador Roberto Acebedo do Partido Liberal Radical Autêntico, de oposição, disse que Alcaraz costumava denunciar asatividades ilegais de narcotraficantes locais, segundo relatou a imprensa. “Com este crime nenhum jornalista vai querer falar a partir de hoje sobre os narcotraficantes, que são uns diabos”, garantiu.

Acevedo disse que a polícia local está fortemente influenciada pelos narcotraficantes e que Pedro Juan Cabalero “se parece cada vez mais com Ciudad Juárez, no México”, segundo informações da imprensa.

Em um comunicado publicado no site do Ministerio do Interior, o ministro Francisco de Vargas indicou que as declarações de Acevedo eram “muito genéricas”. Acrescentou que as autoridades estão investigando e que já existem ao menos dois suspeitos, um dos quais foi morto a tiros no sábado em Amambay.

A pesquisa do CPJ indica que os jornalistas que informam sobre otráfico de drogas ou corrupção nas regiões fronteiriças do Paraguai sofrem frequentemente violentas represálias. O repórter de rádio Tito Alberto Palma foi assassinado a tiros na cidade fronteiriça de Mayor Otaño em 2007. A fronteira oriental do Paraguai com o Brasil – onde o contrabando inclui não apenas drogas, mas também cigarros, combustíveis, roupas e eletrônicos – é particularmente perigoso.