Autoridades descobrem complô para assassinar jornalista colombiano

Bogotá, 15 de maio de 2013 – As autoridades devem levar à justiça todos os responsáveis por um suposto plano para assassinar um jornalista e dois analistas políticos que investigaram ligações entre políticos locais e crime organizado, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Andrés Villamizar, que dirige a Unidade Nacional de Proteção que supervisiona a proteção para os colombianos que foram ameaçados, disse a repórteres na terça-feira que um assassino havia sido contratado e pago para matar Gonzalo Guillén, jornalista investigativo independente que produziu documentários e também fez reportagens para o jornal El Nuevo Herald, de Miami. Dois analistas políticos, León Valencia e Ariel Ávila, que trabalham para a Fundação Paz e Reeconciliação, igualmente eram alvos na trama, segundo as reportagens. Valencia também é um conhecido colunista da revista Semana, de Bogotá.

As reportagens dão conta que na terça-feira as autoridades identidicaram o suposto assassino, que está foragido. Villamizar disse a repórteres que o suspeito tinha viajado a Bogotá para cometer o crime. Ele acrescentou que Guillén, Valencia, e Ávila estavam recebendo proteção do governo.

Valencia disse ao CPJ que o complô deve estar relacionado a uma investigação de 2011 que ele e Ávila realizaram para o Ministério do Interior e que ligava cerca de 130 candidatos a governador e a prefeito, no norte da Colômbia, a rebeldes de esquerda, traficantes de drogas e a outros grupos criminosos. Valencia também disse que Guillén estava investigando as mesmas questões para um documentário.

No passado, investigações jornalísticas sobre links entre políticos e crime organizado frequentemente levaram a processos criminais, o que possivelemnte provocaria ameaças, segundo Villamizar. “Na medida em que as acusações são divulgadas, geram mais ameaças, mas esse é o preço que os colombianos devem pagar”, ele disse ao El Espectador.

“Condenamos veementemente a conspiração para assassinar Gonzalo Guillén, León Valencia e Ariel Ávila, que ocorre em meio ao ressurgimento da violência e das ameaças contra jornalistas nas últimas semanas”, disse em Nova York o coordenador sênior do programa do CPJ para as Américas, Carlos Lauría. “As autoridades devem prosseguir com esta investigação até que todos os responsáveis sejam levados à justiça”.

As ameaças surgem em um período difícil para os jornalistas colombianos. Em 5 de maio, oito repórteres do interior que cobriam os esforços de restituição de terras por parte do governo foram ameaçados por um grupo que lhes deu 24 horas para abandonar a cidade de Valledupar, no norte do país. Ricardo Calderón, que dirige a unidade de investigação da revista Semana, escapou por pouco de uma tentativa de assassinato em 1º de maio, de acordo com reportagens da imprensa.