CPJ condena ataques com granadas contra a Televisa

Nova York, 16 de agosto de 2010Os ataques com granadas ocorridos no fim de semana contra os escritórios da rede nacional Televisa em Monterrey e Matamoros representam outra tentativa do crime organizado de intimidar os meios de comunicação mexicanos, assegurou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas.

“Nenhum jornalista está a salvo no México quando grupos criminosos se sentem livres para lançar ataques com explosivos contra uma emissora de televisão de alcance nacional”, afirmou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “Os narcotraficantes estão, cada vez mais,  infundindo o terror entre os meios de comunicação e definindo o que é notícia e o que não é. Instamos as autoridades mexicanas a investigar completamente estes incidentes e processar os responsáveis”.

Agressores desconhecidos jogaram, de dentro de uma picape, uma granada contra o escritório da Televisa em Monterrey, estado de Nuevo León, por volta da 01h00 de domingo, segundo as informações da imprensa local e internacional. Não há relatos de feridos. A explosão danificou um caminhão da Televisa utilizado para transmissões exteriores e vidros de edifícios próximos se estilhaçaram, informou a CNN.   

No sábado, atacantes não identificados lançaram uma granada contra o escritório da Televisa em Matamoros, estado de Tamaulipas, de acordo com as informações da imprensa. A granada foi disparada de uma passarela para pedestres próxima, segundo informou o Milénio, causando danos materiais de pequenas proporções, mas sem deixar feridos.

A Procuradoria Geral da República está investigando ambos os ataques em cooperação com as autoridades estaduais, noticiou a imprensa. Nenhum suspeito foi identificado até o momento.

Os escritórios da Televisa em Monterrey já haviam sido atacados anteriormente. Em janeiro de 2009, cinco homens armados e encapuzados a bordo de duas caminhonetes dispararam armas de grosso calibre e jogaram granadas em frente dos estúdios da Televisa. Ninguém ficou ferido, mas ao menos seis carros e a porta de entrada da emissora foram danificados, de acordo com a pesquisa do CPJ.

Monterrey já foi considerada uma das cidades mais seguras do México. Entretanto, desde o início de 2007, a violência se espalhou à medida que grupos de narcotraficantes, incluindo o grupo criminoso conhecido como Los Zetas, disputam o controle da cidade e da rota próxima que utilizam para transportar a droga até o Texas. Em maio de 2008, uma equipe da cadeia nacional TV Azteca composta por dois jornalistas desapareceu, indicou um CPJ em um relatório especial de 2008 intitulado “Os Desaparecidos“.

O México é um dos países mais perigosos para imprensa, segundo uma investigação do CPJ. Mais de 30 jornalistas foram assassinados ou desapareceram desde que o presidente Felipe Calderón assumiu seu mandato em 2006.