Jornalista brasileiro Daniel Carniel foi socado e chutado na entrada da sede da Adesso TV

Daniel Carniel, fundador do portal de notícias online Portal Adesso e da emissora Adesso TV, foi chutado e socado por um desconhecido na entrada da sede dos veículos em 14 de janeiro de 2022, aparentemente como retaliação a reportagens do jornalista. (Portal Adesso/Marcelo Hensel)

Rio de Janeiro, 19 de janeiro de 2022 — As autoridades brasileiras devem investigar rápida e completamente o ataque ao jornalista Daniel Carniel e garantir que ele possa trabalhar em segurança, disse hoje o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ).

Às 12:47 do dia 14 de janeiro, um homem não identificado socou e chutou Carniel várias vezes em seu rosto e corpo na entrada da emissora privada Adesso TV na cidade de Garibaldi, no estado do Rio Grande do Sul, de acordo com várias reportagens, uma declaração da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), e Carniel, que falou com o CPJ por telefone. 

Carniel disse ao CPJ que, ao bater nele, o homem disse: “Pra tu aprender a não fazer denúncia, a não falar mal dos outros, a não mentir na televisão”. Não está claro qual foi a reportagem específica, se é que houve alguma, que provocou o ataque.

“As autoridades brasileiras devem agir para identificar os responsáveis pelo ataque ao jornalista Daniel Carniel e responsabilizar os perpetradores”, disse em Nova York a coordenadora de programas da América Latina e Caribe do CPJ, Natalie Southwick. “A violência contra jornalistas em retaliação a suas reportagens é uma tentativa flagrante de intimidar e silenciar a imprensa e, em última instância, mina o direito do público em geral ao acesso à informação”.

Carniel é o fundador do portal de notícias Portal Adesso e da emissora de TV a cabo Adesso TV, onde ele apresenta um programa diário de notícias, “Prato Limpo”, no qual ele cobre notícias locais, política e corrupção, explicou ao CPJ. O programa também é transmitido no canal da emissora no YouTube.

“O impacto da agressão é muito grande. Se todo mundo achar que pode agredir um jornalista porque não gosta do que ele fala, nenhum jornalista mais vai poder trabalhar”, declarou Carniel ao CPJ. “A agressão a um profissional da imprensa não fere só o agredido, ela fere toda uma classe, é pra tentar calar toda uma classe”.

Em 14 de janeiro, Carniel estacionou seu carro e estava caminhando para o prédio da Adesso TV onde um homem não identificado estava esperando por ele na porta, contou o jornalista ao CPJ. O homem seguiu Carniel dentro do edifício, perguntou qual era seu nome e, quando Carniel se identificou, deu um soco no rosto do jornalista.

Ele socou Carniel várias vezes antes de jogar o jornalista no chão, onde continuou a dar socos e depois começou a chutá-lo. Imagens de vídeo de uma câmera de segurança de rua, publicadas junto a reportagens sobre o caso e vistas pelo CPJ, mostram um homem esperando do lado de fora do edifício e que pode ser visto entrando com o jornalista, e depois saindo. Logo em seguida, Carniel saiu do prédio com sangue no rosto.

“Consegui me proteger um pouco”, disse Carniel ao CPJ. “Sangrou bastante os lábios e o nariz”. O jornalista acrescentou ao CPJ que ficou com dois dentes soltos, precisou de 10 pontos na boca e no queixo, e sofreu múltiplos hematomas no corpo.

Após o ataque, Carniel chamou a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul, que chegou após alguns minutos e relatou o incidente, disse ao CPJ. Em seguida, ele transmitiu seu programa e informou a agressão ao público, antes de ir a um hospital local, contou ele.

Em outro programa, transmitido em 17 de janeiro, ele anunciou que aquela seria sua última transmissão até que se recuperasse do ataque. Em 17 de janeiro, Carniel deu um depoimento à unidade de Polícia Civil de Garibaldi, que é responsável pela investigação do caso depois que a Brigada Militar repassou o mesmo para eles. A assessora de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do estado do Rio Grande do Sul, Lurdinha Matos, enviou um comunicado por e-mail ao CPJ dizendo que a investigação está em andamento, acrescentando que a unidade de Polícia Civil de Garibaldi já identificou um suspeito, cujo paradeiro é atualmente desconhecido.

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