Justiça permanece incerta na grande maioria dos assassinatos de jornalistas

Impunidade continua uma preocupação no Afeganistão com o aumento dos ataques contra jornalistas

Nova York, 28 de outubro de 2021 – Durante a última década, 226 dos 278 jornalistas mortos em conexão com corrupção, crime organizado, grupos extremistas e retaliação governamental foram assassinados impunemente, de acordo com o Índice de Impunidade do Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ) de 2021, publicado hoje. O Índice anual destaca os países onde os jornalistas são assassinados e seus homicidas continuam livres.

“Quando a justiça está sujeita à corrupção e às disputas de poder político, estas forças silenciam os jornalistas e as histórias críticas que contam”, disse Gypsy Guillén Kaiser, diretora de advocacy e comunicação do CPJ. “É imperativo que as autoridades investiguem integralmente estes crimes e acabem com a censura via assassinato. Esta tarefa não pode ser deixada para as famílias, colegas e grupos da sociedade civil que incansavelmente buscam justiça”.

O Índice mostra poucas mudanças em relação ao de 2020, com a Somália continuando o pior país pelo sétimo ano em termos de impunidade quanto aos assassinatos de jornalistas. Seguem-se a Síria, o Iraque e o Sul do Sudão. Ilustrando a persistente falta de responsabilização, sete dos países da lista aparecem todos os anos. Em 81% de todos os casos do índice, o CPJ constatou total impunidade.

Em países como o México, que tem se mantido como o país mais mortal para os membros da imprensa do Hemisfério Ocidental, houve algumas condenações cruciais nos casos dos jornalistas Javier Valdez Cárdenas e Miroslava Breach Velducea. Entretanto, os ataques continuam ininterruptamente, com ao menos três mortos até agora em 2021, um sinal alarmante de como o homicídio pode asfixiar o ambiente de liberdade de imprensa.

Embora o índice reflita alguns dos países mais perigosos para os jornalistas, ele não inclui o escopo completo das ameaças à liberdade de imprensa, que vão desde a prisão e a vigilância, até ataques físicos. Por exemplo, o lugar do Afeganistão no Índice não mudou, mas seu vibrante cenário da mídia foi dizimado desde que o Talibã tomou o controle do país durante a retirada dos EUA. Com o colapso do sistema judicial afegão, a perspectiva de justiça para os 17 jornalistas mortos nos últimos 10 anos fica ainda mais fora de alcance.

O CPJ permanece firme em seu compromisso de garantir justiça para os jornalistas e assegurar que a família e os colegas recebam as respostas que eles merecem. Em um passo importante, CPJ e parceiros, como parte de A Safer World For The Truth (Um Mundo Mais Seguro para a Verdade), vão sediar um Tribunal Popular Permanente para responsabilizar os governos pelo assassinato de jornalistas, entregando acusações ao México, Sri Lanka e Síria. A audiência de abertura é no dia 2 de novembro, coincidindo com o Dia Internacional pelo Fim da Impunidade em Crimes Contra os Jornalistas. Saiba mais e RSVP aqui.

O Índice Global de Impunidade do CPJ calcula o número de assassinatos de jornalistas não resolvidos como uma porcentagem da população. O Índice 2021 examina os homicídios de jornalistas ocorridos entre 1º de setembro de 2011 e 31 de agosto de 2021. Somente as nações com cinco ou mais casos não resolvidos são incluídas no índice. Leia sobre nossa metodologia.

Nota aos editores:

Leia o relatório “Assassinos de jornalistas ainda escapam impunes”: Índice Global de Impunidade do CPJ 2021,” e informações sobre a Campanha Global do CPJ contra a Impunidade em nosso website. Traduções estão disponíveis em árabe, dari, inglês, francês, hindi, pachto, português, russo, somali, espanhol, turco e urdu. Para marcar entrevistas com um especialista do CPJ, envie um e-mail para [email protected].