A sede da rede de televisão Rede Globo no Rio de Janeiro, Brasil, em 3 de maio de 2018. Um homem armado com uma faca recentemente invadiu as instalações e manteve temporariamente uma repórter como refém. (Reuters / Pilar Olivares)

Homem empunhando uma faca mantém repórter da TV Globo refém

Rio de Janeiro, 11 de junho de 2020 – As autoridades brasileiras devem investigar minuciosamente o recente ataque à TV Globo e tomar medidas para garantir a segurança dos jornalistas, afirmou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Ontem à tarde, um homem não identificado invadiu a sede da TV Globo no Rio de Janeiro, a maior emissora privada de notícias e entretenimento do Brasil, e manteve brevemente a repórter Marina Araújo como refém, segundo as informações da imprensa e um comunicado enviado ao CPJ pela Polícia Militar do Rio de Janeiro.

De acordo com um comunicado da empresa, o homem exigiu falar com Renata Vasconcellos, apresentadora do Jornal Nacional. Seguranças particulares da TV Globo ligaram para a polícia militar, que negociou a libertação de Araújo logo depois, segundo o comunicado.

A declaração da polícia militar informa que os policiais prenderam o homem e o encaminharam à polícia civil para os trâmites legais.

A assessoria de imprensa da polícia civil do Rio de Janeiro disse ao CPJ em um e-mail que o homem, cujo nome não foi divulgado, foi preso pelo crime de “cárcere privado”. Se acusado e condenado, ele pode pegar até três anos de prisão nos termos do artigo 148 do Código Penal Brasileiro.

“O ataque de ontem à TV Globo é um lembrete dos riscos elevados enfrentados pela imprensa no Brasil, especialmente jornalistas”, disse  em Nova York a Coordenadora do Programa para a América Central e do Sul do CPJ, Natalie Southwick . “Estamos aliviados por ninguém ter sido ferido durante a investida, mas as autoridades brasileiras devem tomar medidas proativas para garantir que os jornalistas possam trabalhar com segurança e sem medo de agressões”.

A TV Globo também foi alvo de críticas de autoridades eleitas, incluindo o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, que proibiu seus repórteres em coletivas de imprensa em dezembro de 2019, e o presidente Jair Bolsonaro, que insultou repetidamente a emissora e ameaçou revogar sua licença de transmissão, como o CPJ documentou.

Em abril, dois repórteres da TV Globo foram interrompidos enquanto transmitiam ao vivo das ruas por pessoas que gritavam críticas à emissora, com uma mulher gritando: “Globo é lixo, Bolsonaro está certo”, segundo informações da imprensa.

Em maio, William Bonner, que apresenta o telejornal noturno ao lado de Renata Vasconcellos, enfrentou uma campanha de intimidação por indivíduos não identificados, que supostamente usaram suas informações pessoais e as de seus familiares para cometer fraudes, de acordo com uma declaração da emissora.