Uma pessoa trabalha em casa, no seu próprio laptop, em Los Angeles, em 13 de agosto de 2021. (AFP/Chris Delmas)

Segurança digital: Trabalhando em casa

Última revisão: 20 de janeiro de 2022

A atual situação de saúde global tem presenciado mudanças na maneira como os jornalistas fazem seu trabalho, com um número cada vez maior trabalhando de casa em vez de na redação. Isto criou questões de segurança digital para jornalistas e veículos de comunicação, que precisam trabalhar durante a pandemia.

Os profissionais que trabalham em casa podem estar usando dispositivos pessoais para fazer pesquisas, falar com as fontes e baixar documentos. A impossibilidade de ter reuniões presenciais significou que jornalistas e redações se movimentam mais online, muitas vezes sem protocolos básicos de segurança digital em vigor. 

Os repórteres que estão cobrindo a disseminação da COVID-19 também correm o risco de serem alvo na internet por ativistas contra a vacina e teóricos da conspiração, incluindo assédio online, doxing [divulgação de informações pessoais] e ataques cibernéticos a suas contas.

Proteja seu local de trabalho remoto

● Atualize seus dispositivos, incluindo seu telefone, para o mais recente sistema operacional. As atualizações frequentemente corrigem as vulnerabilidades conhecidas no software que os invasores poderiam tentar explorar. Configure seus dispositivos para atualizá-los automaticamente.

● Faça o mesmo com aplicativos e navegadores e use a versão mais recente disponível.

● Utilize um gerenciador de senhas para criar senhas longas e exclusivas e proteger suas contas online. Ative a autenticação de dois fatores para todas elas sempre que possível.

● Pense onde você está armazenando seus documentos, especialmente se estiver trabalhando com temas sensíveis. Crie um sistema de armazenamento para que possa encontrá-los facilmente quando retornar à redação. Evite baixar e armazenar documentos em uma base ad hoc, ou em múltiplos dispositivos.

● Faça backup de seus dados e pesquisas regularmente para evitar a perda de trabalho. Crie mais de uma cópia – por exemplo, faça backup em um disco rígido externo, assim como salve-o em seu computador. Se possível, proteja seu backup com uma senha e guarde-o longe de sua área de trabalho habitual.

● Use uma rede virtual privada (VPN, sigla em inglês) se você estiver preocupado com seu provedor de serviços de Internet e outros vendo sua atividade online, especialmente se você estiver realizando pesquisas sensíveis. Esteja ciente de que um serviço VPN também pode registrar sua atividade na Internet, portanto pesquise o melhor serviço VPN para você, dependendo de sua localização e de seu nível de risco.

● Bloqueie todos os seus dispositivos com um PIN ou senha para impedir que as pessoas tenham acesso a eles. Evite compartilhar os dispositivos que você usa para trabalhar com outros membros de sua casa.

● Assegure-se de que sua rede Wi-Fi doméstica esteja protegida com uma senha.

Comunique-se com mais segurança

Permaneça ciente de que os serviços de comunicação online frequentemente coletam dados pessoais sobre você e as pessoas com quem você está falando. Estes dados podem ser vendidos, entregues aos governos ou invadidos por criminosos, se a empresa não os garantir adequadamente.

● Realize uma busca na Internet sobre qualquer serviço de comunicação online que você planeja utilizar. Confira se há vulnerabilidades de segurança, preocupações com privacidade ou se a empresa sofreu alguma violação de dados. Se possível, veja se a empresa foi intimada por um governo e verifique que informações o serviço entregou.

● Analise a política de privacidade do serviço para ver o que eles fazem com seus dados, como eles os armazenam e por quanto tempo os guardam.

● Verifique se o serviço usa criptografia de ponta a ponta. Pesquise a lei em seu país com relação às comunicações criptografadas.

● Lembre-se de seu próprio perfil de risco e das pessoas com as quais deseja falar. Se você ou qualquer pessoa com quem se comunicar for um provável alvo de um governo ou de um adversário com tecnologia sofisticada, considere se o uso desses serviços pode colocá-lo em risco.

● Faça backup de qualquer coisa importante contida em aplicativos de mensagens regularmente, e apague o que for desnecessário.

● Tenha em mente que muitos aplicativos de mensagens armazenam uma cópia de suas mensagens, incluindo fotos e documentos, seja em uma conta na nuvem ou em seu dispositivo. Os serviços de mensagens criptografadas de ponta a ponta Sinal e WhatsApp permitem que você configure as mensagens para apagar automaticamente após um certo tempo.

● Se você estiver trabalhando com uma baixa largura de banda de Internet e precisar falar com mais de uma pessoa ao mesmo tempo, analise o uso de chat criptografado de ponta a ponta ou mensagens de voz em vez de videoconferência.

Preparando-se para o assédio online

● Veja quais informações sobre você estão disponíveis online, e anote os sites onde aparecem. Remova qualquer dado pessoal que considere incômodo ter no domínio público ou que perceba que possa colocá-lo em risco, como seu endereço ou fotos de seus filhos.

● Saiba quais imagens suas estão online e pense em como poderiam ser usadas contra você.

● Caso esteja nos Estados Unidos, inscreva-se em sites de remoção de dados para que seu endereço seja retirado de bancos de dados públicos.

● Verifique as configurações de privacidade em suas redes sociais e veja quais informações estão disponíveis para outras pessoas. Remova ou limite o acesso ao conteúdo que acredita que possa ser usado para desacreditá-lo ou colocá-lo em risco.

● Desabilite o rastreamento de localização de qualquer conta de mídia social.

● Considere a possibilidade de excluir mensagens antigas nas mídias sociais ou usar um serviço que apague tuítes antigos. Os agressores frequentemente ressuscitam posts antigos como forma de desacreditá-lo.

● Configure alertas do Google para o seu nome, incluindo qualquer erro ortográfico comum, para alertá-lo se ele for mencionado online. Agende lembretes de calendário para alertá-lo para rever seu perfil online regularmente, por exemplo, a cada três meses.

● Lembre-se de que é provável que uma cópia de qualquer informação que você tenha online exista de alguma forma na internet – por exemplo, nos serviços de arquivo da internet – mesmo depois que você a remover.

● Crie um sistema para documentar abusos, especialmente algo que você considere especialmente ameaçador e que possa levar a uma agressão física. Documente contas que regularmente o assediam e faça capturas de tela de mensagens ou imagens ofensivas que incluam a data, hora e o nome ou indicador do usuário. A criação de cronograma pode ser útil ao falar com seu veículo de comunicação ou com as autoridades.

Para mais informações, consulte o Kit de Segurança Digital do CPJ, também em inglês, espanhol, francês, pyсский, العربية, afsoomaali, አማርኛ, e ဗမာစာ. A orientação de segurança da CPJ sobre a cobertura do surto de coronavírus está disponível em vários idiomas [Inclusive português].