Juiz adia julgamento pela morte em 2012 de radialista brasileiro citando falta de recursos

Cenário de uma sessão do Supremo Tribunal Federal brasileiro, em 23 de abril de 2019. Um juiz de Goiás suspendeu recentemente o julgamento do assassinato de um cronista esportivo alegando que as instalações eram inadequadas para a realização. (Reuters/Adriano Machado)

Cenário de uma sessão do Supremo Tribunal Federal brasileiro, em 23 de abril de 2019. Um juiz de Goiás suspendeu recentemente o julgamento do assassinato de um cronista esportivo alegando que as instalações eram inadequadas para a realização. (Reuters/Adriano Machado)

Rio de Janeiro, 20 de dezembro de 2019 – As autoridades brasileiras devem retomar o mais breve possível o julgamento dos supostos assassinos do comentarista esportivo Valério Luiz de Oliveira e garantir que a justiça seja cumprida sem mais demoras, afirmou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

O juiz Jesseir Coelho de Alcântara anunciou em 17 de dezembro que estava se retirando do julgamento dos supostos autores do assassinato ocorrido em 2012, de acordo com a reportagem do site G1.

Alcântara, que preside o Quarto Tribunal do Júri em Goiânia, capital de Goiás, na região centro-oeste do país, disse que não poderia prosseguir porque faltavam os recursos necessários para o julgamento, segundo a matéria citada.

“As autoridades brasileiras devem garantir que o julgamento dos suspeitos de assassinato do jornalista Valério Luiz de Oliveira avance rapidamente”, disse em Nova York a Coordenadora do Programa para as Américas Central e do Sul do CPJ, Natalie Southwick. “Sete anos após o assassinato, a falta de instalações adequadas no tribunal de uma cidade não é desculpa para atrasos na obtenção de justiça neste caso”.

Em 5 de julho de 2012, indivíduos não identificados mataram Valério Luiz de Oliveira a tiros em frente à Rádio Jornal AM, em Goiânia, onde ele era comentarista em um programa de esportes, segundo a pesquisa feita pelo CPJ.

O Ministério Público de Goiás acusou cinco homens pelo assassinato em 2013; nos anos seguintes, o julgamento foi adiado repetidamente: um acusado renegou sua confissão, outro fugiu para a Europa para escapar da acusação e o julgamento enfrentou atrasos processuais, de acordo com um relatório da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo e informações da imprensa.

Anteriormente, Alcântara levantou a questão dos recursos da corte em uma carta de 1º de abril, afirmando que a sede do Tribunal de Justiça em Goiânia não tinha segurança adequada para o julgamento, faltavam detectores de metal e salas suficientes para separar o acusado, segundo o que foi noticiado na ocasião. Estima-se que o julgamento inclua pelo menos 48 testemunhas, de acordo com o G1.

Em outubro, alegando espaço insuficiente para julgar os cinco réus simultaneamente, Alcântara desmembrou os julgamentos do suposto atirador, Ademá Figuerêdo Aguiar, dos três supostos intermediários e do suposto mentor, Maurício Borges de Sampaio, que começariam em fevereiro 2020, de acordo com as informações da imprensa.

Em comunicado enviado ao CPJ por e-mail, o Tribunal de Justiça de Goiás informou que havia decidido em abril renovar as acomodações para adaptar-se ao grande julgamento, e que os juízes aprovaram um plano para expandir as instalações e deixá-las prontas até fevereiro.

Em seu anúncio em 17 de dezembro, Alcântara afirmou “fiz tudo o que pude” para garantir que o julgamento prosseguisse, mas disse que precisava se retirar devido a “óbices fora do meu alcance”, de acordo com a reportagem do site de notícias Mais Goiás.

Agora, o Tribunal de Justiça de Goiás precisa designar um novo juiz para o caso e, em seguida, reagendar os julgamentos, segundo o Mais Goiás.

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