Uma vista do Pão de Açúcar no Rio de Janeiro, Brasil, em junho de 2018. Escritórios de uma agência de notícias foram atingidos a tiros no sul do estado de Santa Catarina em 12 de julho. (Reuters / Bruno Kelly)
Uma vista do Pão de Açúcar no Rio de Janeiro, Brasil, em junho de 2018. Escritórios de uma agência de notícias foram atingidos a tiros no sul do estado de Santa Catarina em 12 de julho. (Reuters / Bruno Kelly)

Instalações de site de notícias atingidas a tiros no sul do Brasil

Rio de Janeiro, 16 de julho de 2018 – As autoridades brasileiras devem investigar imediatamente o atentado ocorrido em 12 de julho na sede do site de notícias VipSocial, no estado de Santa Catarina, e levar os responsáveis à justiça, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Pouco antes das 22h00 de 12 de julho, agressores não identificados dispararam contra o prédio que abriga a sede editorial do VipSocial em Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina, de acordo com as informações da imprensa. O edifício estava vazio na hora. Os repórteres do VipSocial disseram que os perpetradores deixaram uma nota que dizia: “Se você continuar apoiando o lado errado, sofrerá as consequências”.

O VipSocial, que reporta principalmente notícias locais – incluindo a editoria de polícia – publicou uma reportagem em 12 de julho sobre uma operação policial que matou um suposto membro de uma gangue regional de tráfico de drogas, o Primeiro Grupo Catarinense (PGC). Eles também publicaram, mais tarde, um perfil da pessoa morta na ação, detalhando suas ligações com o crime organizado. O pessoal do VipSocial disse ao CPJ que eles acreditam que o ataque seja uma represália pela cobertura da operação, ocorrida no início do dia 12.

“As autoridades brasileiras devem agir imediatamente para levar à justiça os responsáveis ​​pelo ataque ao edifício da sede do VipSocial”, disse em Nova York a coordenadora do programa das Américas Central e Sul do CPJ, Natalie Southwick. “Os jornalistas brasileiros devem ser livres para investigar questões de interesse público sem enfrentar retaliações violentas e não devem temer por sua segurança em seus locais de trabalho”.

“Acreditamos que eles esperaram que saíssemos, porque foi logo depois”, disse ao CPJ Luiz Antônio Paulino Júnior, jornalista que trabalha na VipSocial desde a sua fundação, há uma década. “Além disso, todos os tiros foram do chão ao teto; pelo que entendi, eles fizeram isso para não ferir gravemente ninguém. Foi uma forma de retaliação.”

Júnior disse ao CPJ que nem o VipSocial nem nenhum de seus repórteres recebeu ameaças ou foi atacado antes deste incidente. Acrescentou que, como resultado do ataque, um membro da equipe de cinco pessoas já havia se demitido e outro pediu para não entrar no local durante uma semana por preocupações com a segurança.

A polícia local, que está averiguando o caso, disse ao CPJ que não pode comentar a investigação.

Em março, um agressor atirou nos escritórios do semanário independente Jornal dos Bairros, no sul do estado do Paraná, que faz fronteira com Santa Catarina.