Um menino brinca na rua em Belo Horizonte, Brasil, em 17 de junho. Atacantes mataram um jornalista de rádio no estado do Pará, em 21 de junho. (Reuters/ Washington Alves)
Um menino brinca na rua em Belo Horizonte, Brasil, em 17 de junho. Atacantes mataram um jornalista de rádio no estado do Pará, em 21 de junho. (Reuters/ Washington Alves)

Jornalista de rádio é morto no norte do Brasil

Rio de Janeiro, 22 de junho de 2018 – As autoridades brasileiras devem realizar uma investigação completa e confiável sobre o assassinato do radialista Jairo Sousa, morto a tiros no estado do Pará, e levar os responsáveis à justiça, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Duas pessoas não identificadas em uma motocicleta atiraram em Sousa duas vezes nas costas por volta das cinco da manhã, quando ele chegava à Rádio Pérola, uma emissora privada sediada em Bragança, onde apresentava o programa diário Show da Pérola, de acordo com reportagens locais.

Sousa, 43, informou sobre corrupção, homicídio e tráfico de drogas em várias emissoras de rádio, segundo colegas e cobertura da imprensa. Ele trabalhou na Rádio Pérola por dois anos, mais recentemente abordando a suposta corrupção no governo municipal.

“O assassinato de Jairo Sousa é um lembrete de que os jornalistas que trabalham fora das principais áreas urbanas do Brasil enfrentam os maiores riscos no país”, disse em Nova York a Coordenadora do Programa das Américas Central e do Sul do CPJ, Natalie Southwick. “As autoridades brasileiras devem agir com rapidez e credibilidade para enviar a mensagem de que os profissionais de imprensa não podem ser mortos com impunidade”

A polícia afirmou em um comunicado que ainda precisa estabelecer se a morte de Sousa está relacionada ao seu trabalho. O G1 informou que a polícia está examinando filmagens de vídeo em circuito fechado. Um policial se recusou a fornecer detalhes ao CPJ.

A colega de Sousa, Francy Rocha, disse por telefone ao CPJ que Sousa foi ameaçado e atacado anteriormente, e que o jornalista “sempre fazia denúncias, sempre se colocando em risco”. Rocha disse que não sabia se Sousa recebeu mais ameaças nas semanas anteriores ao atentado.

Rocha acrescentou que Sousa tomava precauções como, às vezes, usar um colete à prova de balas e carregar um spray de pimenta.

Em 2014, um homem tentou atingir Sousa enquanto ele estava transmitindo de um restaurante na cidade vizinha de Quatipuru, informou o jornalista de rádio Bené Costa em seu blog.

O deputado estadual Carlos Bordalo, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos do estado do Pará, condenou o assassinato de Sousa em seu blog.

Pelo menos 39 jornalistas foram assassinados em retaliação por seu trabalho no Brasil desde 1992, 27 deles com total impunidade, segundo a pesquisa do CPJ.