Fotógrafos colombianos deixam suas câmeras em frente à embaixada equatoriana em Bogotá, Colômbia, em 16 de abril de 2018, para protestar contra o assassinato do jornalista Javier Ortega, do fotógrafo Paúl Rivas e de seu motorista Efraín Segarra. (Reuters / Jaime Saldarriaga)
Fotógrafos colombianos deixam suas câmeras em frente à embaixada equatoriana em Bogotá, Colômbia, em 16 de abril de 2018, para protestar contra o assassinato do jornalista Javier Ortega, do fotógrafo Paúl Rivas e de seu motorista Efraín Segarra. (Reuters / Jaime Saldarriaga)

CPJ pede justiça para a equipe de reportagem equatoriana assassinada na Colômbia

Bogotá, Colômbia, 17 de abril de 2018 – As autoridades do Equador e da Colômbia devem conduzir uma investigação transparente sobre o sequestro e assassinato de uma equipe de reportagem equatoriana na Colômbia e garantir que todos os responsáveis sejam levados à Justiça, declarou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

O presidente do Equador, Lenin Moreno, confirmou durante coletiva de imprensa em Quito que os jornalistas equatorianos Javier Ortega e Paul Rivas, e seu motorista, Efraín Segarra, foram mortos depois de serem sequestrados em 26 de março por narcotraficantes na aldeia Mataje, na fronteira equatoriana.

O anúncio de Moreno seguiu-se a várias declarações contraditórias dos governos colombiano e equatoriano sobre a situação dos reféns e se eles estavam sendo mantidos na Colômbia ou no Equador, segundo a Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP, sigla em espanhol), com sede em Bogotá.

Até hoje, os corpos dos jornalistas e de seu motorista ainda estavam em território colombiano, segundo o presidente Juan Manuel Santos. Notícias informam que os supostos sequestradores ainda não concordaram em entregá-los às autoridades.

“Eventos recentes levantam preocupações sobre a capacidade das autoridades equatorianas e colombianas de realizar uma investigação eficaz, que exigirá uma coordenação de alto nível e um compromisso com a transparência”, disse em Nova York o diretor-executivo do CPJ, Joel Simon. “Os dois governos devem trabalhar juntos para garantir que as famílias e os colegas de Javier Ortega, Paul Rivas e Efraín Segarra saibam o que aconteceu a eles e vejam seus assassinos enfrentando a justiça.”

De acordo com as informações da imprensa, o repórter Ortega e o fotógrafo Rivas estavam documentando a violência relacionada às drogas na fronteira para o jornal El Comercio, de Quito.

Autoridades colombianas e equatorianas afirmaram em 27 de março que um grupo de traficantes de cocaína liderado pelo ex-integrante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) Walter Arizala, conhecido como “Guacho”, tomou a equipe de reportagem como refém, segundo o El Comercio.

As FARC são um grupo guerrilheiro marxista que concordou em desarmar-se sob um tratado de paz de 2016; no entanto, cerca de 1.200 dos 7.000 combatentes das FARC, incluindo Arizala, se recusaram a fazê-lo, de acordo com o think tank Ideas for Peace, de Bogotá. Segundo informações da imprensa, Arizala recentemente se separou das FARC.

Em 27 de março, o ministro do Interior do Equador, César Navas, disse que seu governo estava em contato com o grupo de Arizala e que os três reféns estavam em “boas” condições.

Em 3 de abril, a estação de TV RCN de Bogotá transmitiu um vídeo dos três membros da imprensa algemados em correntes e cadeados, parecendo perturbados. No vídeo, Ortega diz que os captores do grupo queriam realizar uma troca de prisioneiros e pediram a Moreno que cumprisse suas exigências. “Sr. Presidente, nossas vidas estão em suas mãos”, disse Ortega.

Em 11 de abril, a RCN recebeu um comunicado, que afirmava ser do grupo de Arizala, dizendo que os três jornalistas haviam sido mortos em meio a uma operação militar. No dia seguinte, a RCN TV recebeu fotos que pareciam mostrar que os três membros da equipe de reportagem haviam sido executados.

Em uma coletiva de imprensa em Quito em 13 de abril, Polivio Vinueza, chefe da unidade antissequestro e extorsão da polícia nacional do Equador, disse que seu governo estava em contato com o grupo de Arizala por meio de mensagens esporádicas pelo WhatsApp entre 26 de março e 7 de abril e que eles exigiam a libertação de três membros de seu grupo, incluindo sua cunhada, que está presa em Quito.

Vinueza disse que as autoridades estavam explorando a legalidade de libertar os prisioneiros do grupo de Arizala e enviou uma mensagem em vídeo de um dos presos para Arizala, para mostrar que o governo estava negociando de boa-fé. Vinueza também disse que os sequestradores exigiram que o governo equatoriano cancelasse as operações antidrogas conjuntas com os militares colombianos ao longo da fronteira, antes que os sequestradores cortassem a comunicação.

O grupo de Arizala divulgou outro comunicado em 13 de abril, republicado pelo jornal El Espectador, afirmando que os reféns foram mortos porque os governos equatoriano e colombiano se recusaram a suspender suas operações militares contra o grupo de Arizala.

Durante a coletiva de imprensa de 13 de abril, Moreno ofereceu uma recompensa de US $ 100 mil por informações que levassem à captura dos sequestradores e disse que as autoridades equatorianas “confirmaram que esses criminosos nunca tiveram a intenção de devolvê-los a salvo”.

Mais tarde, em 13 de abril, as autoridades equatorianas prenderam nove supostos membros do grupo de Arizala que, segundo as autoridades, estão relacionados com o sequestro, de acordo com informações da imprensa.