Ericino de Salema, proeminente jornalista e advogado de direitos humanos, foi sequestrado e agredido em 27 de março, segundo o noticiário. (Neusa Ribeiro)
Ericino de Salema, proeminente jornalista e advogado de direitos humanos, foi sequestrado e agredido em 27 de março, segundo o noticiário. (Neusa Ribeiro)

Jornalista moçambicano raptado, agredido

Nova York, 28 de março de 2018 – Autoridades moçambicanas devem lançar uma investigação confiável sobre o sequestro e agressão de Ericino de Salema, proeminente jornalista e advogado de direitos humanos, e levar os responsáveis à justiça, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Três homens armados não identificados capturaram Salema fora da sede do Sindicato Nacional dos Jornalistas (SNJ) na capital, Maputo, o espancaram com fuzis de assalto AK-47 e o deixaram inconsciente em uma estrada circular em Maputo, de acordo com as informações da imprensa.

As crianças que testemunharam o ataque alertaram um adulto que depois transportou Salema para um hospital privado na cidade, de acordo com o site de notícias Club of Mozambique.

Salema sofreu fraturas no braço e nas pernas, segundo sua esposa Neusa Ribeiro.

O jornalista disse à esposa que os atiradores receberam instruções sobre o que fazer com ele via celular.

Ribeiro disse ao CPJ que seu marido, um frequente crítico do governo, recebeu uma ligação anônima no dia 26 de março dizendo que seria silenciado por ser tão franco.

“Estamos profundamente preocupados que um respeitado jornalista como Ericino de Salema seja alvo desta maneira em plena luz do dia em uma aparente tentativa de silenciar seus comentários críticos”, disse a coordenadora do CPJ África, Angela Quintal. “Pedimos às autoridades que garantam que esse ataque descarado seja investigado com credibilidade e que seus agressores enfrentem todo o poder da lei”.

O porta-voz da polícia, Inácio Dina, não respondeu aos repetidos telefonemas do CPJ solicitando comentários. O ministro do Interior, Basilio Monteiro, não respondeu à ligação do CPJ para seu celular nem à mensagem de WhatsApp.

A agência estatal de notícias moçambicana (AIM) afirmou na quarta-feira que a polícia local estava investigando o sequestro e o espancamento do jornalista.

A agência de notícias estatal chinesa Xinhua informou hoje que o primeiro-ministro Carlos Agostinho do Rosário disse ao Parlamento que o governo estava indignado com o sequestro e tortura de Salema e faria de tudo para encontrar os criminosos.

Salema é comentarista regular do programa televisivo semanal “Pontos de Vista”, que vai ao ar pela emissora privada STV, segundo reportagens da imprensa. Anteriormente, ele trabalhou para o semanário independente Savana, e mais tarde para outros semanários de propriedade privada, de acordo com o IOL.

Durante uma transmissão do “Pontos de Vista” em 25 de março, Salema criticou a tentativa do novo governo de reestruturar a dívida de Moçambique de 2 mil milhões de dólares acumulada no governo anterior, de acordo com uma reportagem do site de notícias independente da África do Sul IOL. Na mesma transmissão, Salema também pediu a renúncia do ministro da Fazenda, Adriano Maleiane.

Em maio de 2016, o antecessor de Selma como comentarista do “Pontos de Vista”, o acadêmico Jaime Macuane, foi sequestrado fora de sua casa, levado a um trecho do anel rodoviário, baleado nas duas pernas e depois deixado à beira da estrada, segundo a AIM.

[NOTA DO EDITOR: Este alerta foi atualizado para corrigir a ortografia do programa de assuntos atuais da STV “Pontos de Vista”.]