Os guatemaltecos recordam os mortos no conflito civil interno de 36 anos na Cidade da Guatemala, 25 de fevereiro de 2016. (Reuters / Josue Decavele)
Os guatemaltecos recordam os mortos no conflito civil interno de 36 anos na Cidade da Guatemala, 25 de fevereiro de 2016. (Reuters / Josue Decavele)

Jornalista guatemalteca enfrenta ameaças e intimidação

Nova York, 30 de junho de 2017 – As autoridades guatemaltecas devem investigar minuciosamente as ameaças contra a jornalista Marielos Monzón, repórter investigativa e colaboradora do jornal Prensa Libre, e deve garantir sua segurança, informou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Em 26 de junho, Monzón apresentou uma queixa formal ao Ministério Público Especial de Crimes contra Jornalistas em resposta à sua inclusão em uma lista de pessoas que supostamente estiveram envolvidas em crimes “terroristas” durante os 36 anos de conflito interno na Guatemala que recentemente circulou amplamente mídia social, de acordo com o noticiário. O documento também foi compartilhado com pessoas alegadamente pertencentes a grupos do crime organizado, de acordo com a organização de liberdade de imprensa CERIGUA.

“Estamos alarmados com essa tentativa de intimidar os jornalistas para que pratiquem a autocensura”, disse Robert Mahoney, Diretor-executivo Adjunto do CPJ. “O governo guatemalteco deve realizar uma investigação meticulosa sobre as perigosas ameaças contra Marielos Monzón e redobrar seus esforços para garantir que os jornalistas possam fazer o seu trabalho com segurança”.

Em 11 de junho, o jornal El Periódico informou que um advogado afiliado à Fundação Contra o Terrorismo, um grupo de direita ligado a generais militares aposentados, havia dito a seus clientes, incluindo supostos traficantes de drogas e outros que alegadamente teriam vínculos com o crime organizado, que as pessoas na lista eram responsáveis ​​por processos criminais e processos de extradição contra eles. Em sua coluna de 13 de junho no jornal Prensa Libre, Monzón chamou essas ações de “incitamento à violência que coloca aqueles de nós que aparecem na lista em grave perigo”.

“Eu sinto que estou em uma situação de risco iminente neste momento”, disse Monzón ao CPJ. “Não só em termos da minha vida, mas também é uma violação da liberdade de expressão. É uma campanha de difamação e calúnia para tirar a minha credibilidade e me calar”.

Julio Paredes, funcionário do Ministério Público Especial de Crimes contra Jornalistas, declarou ao CPJ que o escritório solicitou proteção policial para Monzón e abriu uma investigação.

Monzón contou ao CPJ que ela soube pela primeira vez da lista em dezembro de 2011, quando o empresário Theodore Plocharski apresentou uma queixa pedindo a acusação de 52 indivíduos por uma série de ações “terroristas” durante a guerra civil guatemalteca, que terminou em 1996. O documento acusa as 52 pessoas citadas de participar de crimes graves, incluindo sequestro, tortura e assassinato.

O nome de Monzón aparece ao lado de seu suposto pseudônimo de guerrilha, “Tânia”. A lista inclui dois outros colunistas, bem como ativistas de direitos humanos e figuras políticas, de acordo com as reportagens.

Monzón negou as alegações. Ela falou ao CPJ que muitos dos eventos citados no documento ocorreram no final da década de 1970 ou no início dos anos 80, quando tinha apenas alguns poucos anos ou antes de ela nascer.

Monzón trabalha como jornalista há mais de duas décadas, cobrindo questões de direitos humanos, incluindo crimes de guerra, corrupção e impunidade.

A polarização política e os grupos de crime organizado cada vez mais poderosos deixaram muitos jornalistas guatemaltecos com medo por sua segurança e temor de reportar sobre questões sensíveis, de acordo com a pesquisa do CPJ.