O CPJ saúda a condenação pelo assassinato de fotógrafo brasileiro em 2013

São Paulo, 20 de agosto de 2015- O Comitê para a Proteção dos Jornalistas saúda a condenação e sentença desta quarta-feira de Alessandro Neves Augusto pelo o assassinato de Walgney Assis de Carvalho, fotógrafo freelance morto a tiros em Minas Gerais em 2013, e insta as autoridades a continuarem investigando para encontrar o mentor intelectual.

Augusto, conhecido como Pixote, foi considerado culpado pelo júri e sentenciado a 14 anos e três meses de prisão por matar Carvalho na cidade de Coronel Fabriciano, disse quarta-feira pelo telefone ao CPJ  a promotora do julgamento, Juliana da Silva Pinto.

A condenação ocorre quase  dois meses depois de Augusto ser sentenciado a 16 anos de prisão pelo assassinato de Rodrigo Neto, colega de Carvalho, e a tentativa de assassinato de um homem que estava com Neto na ocasião, segundo o jornal local Diário do Aço.

“Louvamos as autoridades brasileiras pela condenação no assassinato de Walgney Assis de Carvalho”, disse o coordenador sênior do programa do CPJ para as Américas, Carlos Lauría. “Embora este seja um sinal encorajador, neste caso a cadeia de responsabilidade terminou com o atirador. Instamos as autoridades brasileiras a identificar e processar o mentor e pôr fim ao ciclo de violência letal contra a imprensa local.”

O tribunal ouviu que em 14 de abril de 2013 Carvalho, 43, colaborador do jornal Vale do Aço, foi baleado nas costas por Augusto quando ele se sentou em um popular pesque e pague e restaurante.

Da Silva Pinto disse que os jurados foram informados de que matou Augusto Carvalho para silenciá-lo após o fotógrafo dizer a amigos que tinha informações sobre o assassinato de Neto. Augusto foi considerado culpado de matar Neto a tiros um mês antes, em 8 de março de 2013, enquanto Neto estava entrando em um carro depois de um churrasco na cidade de Ipatinga, segundo informações da imprensa.

Neto era apresentador do programa “Plantão Policial” na Rádio Vanguarda em Ipatinga e tinha começado a trabalhar na semana anterior como repórter no jornal Vale do Aço. Ele também era assessor de imprensa do prefeito local, de acordo com Fernando Benedito Jr, jornalista em Ipatinga e amigo de Neto. Neto cobriu agressivamente corrupção policial ao longo de sua carreira e era frequentemente ameaçado por suas reportagens, disse Benedito ao CPJ.

O Brasil tem experimentado um aumento acentuado na violência letal contra a imprensa nos últimos anos, de acordo com a pesquisa do CPJ. Pelo menos 16 jornalistas foram mortos em represália direta por seu trabalho desde 2011, demonstra a pesquisa do CPJ. O Brasil ocupa o décimo primeiro lugar no  Índice de Impunidade 2014 do CPJ, que destaca os países onde jornalistas são assassinados e seus homicidas ficam impunes. No entanto, nos últimos dois anos houve sete condenações em casos de jornalistas assassinados, incluindo a desta semana.

Em uma reunião com uma delegação do CPJ em maio de 2014, a presidente Dilma Rousseff prometeu continuar a luta contra a impunidade nos casos de jornalistas mortos. Rousseff disse ao CPJ que sua administração iria implementar um mecanismo para evitar ataques fatais, proteger os jornalistas sob ameaça iminente, e apoiar os esforços legislativos para federalizar os crimes contra a liberdade de expressão. Rousseff disse que sua administração tem a vontade política para atingir um objetivo de “impunidade zero” em assassinatos de jornalistas.