Bogotá, 14 de janeiro de 2014– O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) insta as autoridades colombianas a garantir a segurança de três jornalistas de rádio no departamento [estado] de Guaviare, no sul do país, que receberam ameaças de morte por sua cobertura sobre um referendo que poderia remover de seu cargo o governador local.
Erika Londoño, Gustavo Chicangana, e Jorge Ramírez trabalham para a Caracol Radio Guaviare, uma das cinco rádios em San José del Guaviare, a capital do departamento. Os jornalistas informaram sobre a votação em 2 de fevereiro que determinará se o governador José Octaviano Rivera permanecerá no cargo, afirmou ao CPJ Londoño, diretor da emissora de rádio.
Londoño recebeu uma série de mensagens de texto ameaçadoras em seu celular em 20 de dezembro e 8 de janeiro, segundo as informações da imprensa. Londoño indicou ao CPJ que as mensagens advertiam os três jornalistas a deixarem de informar e emitir comentários dos ouvintes relacionados com o referendo. Uma das mensagens de texto dizia: “Se continuar falando sobre o referendo, vamos explodir vocês, a estação de rádio, bem como seus mensageiros Chica e Ramírez”.
Londoño afirmou não saber quem enviou as mensagens, mas ressaltou que a rádio entrou em conflito com Rivera desde sua eleição, em 2011. O descontentamento público com Rivera resultou em uma petição para o referendo revocatório.
Rivera está sendo investigado pela Procuradoria-Geral da Colômbia por suposta malversação de contratos públicos, mas negou as acusações. Após os informes da Rádio Caracol Guaviare sobre as acusações contra Rivera, disse Londoño, o governador chamou os jornalistas da rádio de “assassinos com microfones”. A rádio apresentou uma ação por difamação contra Rivera, que posteriormente impetrou ação contra a Radio Caracol Guaviare por difamação. Ambas as demandas estão pendentes.
Mensagens deixadas pelo CPJ no gabinete do governador não foram respondidas. Em um comunicado emitido em 13 de janeiro por seu gabinete, Rivera rechaçou as ameaças e a maneira como tem sido abordado o tema nos meios de comunicação, tentando ligar sua administração ao uso deste tipo de “práticas antidemocráticas”.
A Procuradoria-Geral da Colômbia abriu uma investigação sobre as ameaças de morte. A Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP), de Bogotá, pediu à Unidade Nacional de Proteção da Procuradoria-Geral que aumente a segurança dos três jornalistas, que prometeram continuar informando sobre o governador e o referendo. A unidade assignou dois guarda-costas para Londoño quando este recebeu ameaças no ano passado.
“Erika Londoño, Gustavo Chicangana e Jorge Ramírez não devem ser perseguidos por informar sobre assuntos de interesse público”, afirmou em Nova York o coordenador sênior do programa das Américas do CPJ, Carlos Lauría. “As autoridades colombianas devem investigar estas ameaças de forma minuciosa e garantir que os jornalistas possam fazer seu trabalho sem temer por suas vidas”.
A Colômbia passou por um ressurgimento da violência e da intimidação contra jornalistas em 2013. Um jornalista e um trabalhador de mídia foram assassinados em represália direta por seu trabalho.