Cidade do México, 5 de março de 2013 – As autoridades mexicanas devem identificar o motivo do assassinato de um editor de site de notícias no estado de Chihuahua e garantir que os autores serão levados à justiça, declarou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Um homem não identificado atirou em Jaime González Dominguez, editor do Ojinaga Noticias, quando ele comia em um carrinho de tacos na cidade de Ojinaga, fronteira com o estado norte-americano do Texas, na tarde de domingo, disse ao CPJ Carlos González, porta-voz do gabinete do procurador-geral do estado. González disse que a câmera do jornalista foi levada, mas que as autoridades não consideram roubo como a motivação do assassinato.
O site de notícias disse que González estava acompanhado de uma mulher quando foi morto. O gabinete do procurador-geral informou que ele realmente estava falando com a proprietária do carrinho.
“Jaime González Domingues é o primeiro jornalista assassinado sob a administração de Enrique Peña Nieto”, disse Robert Mahoney, subdiretor do CPJ. “Para garantir que esta administração não repita o histórico letal da anterior, as autoridades mexicanas devem investigar minuciosamente este crime e levar os responsáveis à justiça”.
O Ojinaga Noticias cobria eventos comunitários, esporte local, crime e política; nenhuma das reportagens recentes aponta claramente um motivo para o assassinato de González. Entretanto, jornalistas disseram ao CPJ que podem não estar cientes de que suas reportagens, de alguma forma, incomodaram os cartéis do crime; algumas vezes, a mera inclusão de um nome pode desencadear uma represália. Ojinaga localiza-se no estado de Chihuahua, que é em grande parte controlado por grupos do crime organizado. Segundo os jornalistas do estado, o La Linea é considerado o principal grupo em Ojinaga.
González trabalhou vários anos como repórter para o jornal quinzenal local Contacto, mas pediu demissão após receber ameaças, segundo um repórter que falou sob a condição de anonimato por medo de represálias. O jornalista disse não conhecer detalhes sobre as ameaças. Em um e-mail ao CPJ, um homem que se identificou como sócio de González no site de notícias disse que o Ojinaga Noticias seria fechado por temor de futuros ataques. “Eu não quero problemas. Sério, estou com muito medo por causa do que aconteceu”, escreveu. Ele também pediu que seu nome não fosse divulgado.
A violência relacionada às drogas ou ao crime organizado fez do México um dos países mais perigosos do mundo para a imprensa, segundo a pesquisa do CPJ. Ao menos 50 jornalistas foram assassinados ou desapareceram durante os seis anos de mandato do presidente Felipe Calderón Hinojosa, que deixou o cargo em dezembro de 2012.
Para mais informações sobre o México, veja o relatório do CPJ Ataques à Imprensa.