Nova York, 25 de agosto de 2011–O corpo do jornalista mexicano Humberto Millán Salazar foi encontrado na madrugada de hoje em um descampado perto da capital do estado de Sinaloa, Culiacán, com um tiro na cabeça, declarou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). As autoridades informaram que o jornalista foi sequestrado na madrugada de ontem por indivíduos que estavam em dois picapes que o interceptaram quando ele se dirigia ao trabalho.
“As autoridades mexicanas devem investigar o assassinato de Humberto Millán Salazar de forma minuciosa e processar os responsáveis”, declarou Robert Mahoney, subdiretor do CPJ. “A letal tendência à impunidade nos crimes contra jornalistas deve acabar”.
Jornalistas locais indicaram ao CPJ que duvidam que o cartel de Sinaloa tenha sido o responsável pelo assassinato do jornalista. “Ele não escrevia sobre narcotráfico”, disse Ismael Bojorquez, editor da revista semanal Riodoce. “Estava sempre escrevendo e falando de política. Havia muita gente irritada com ele, mas por questões relacionadas à política no estado, não por crimes ou drogas”.
Millán era apresentador de um programa na Radio Fórmula e dirigia o site de notícias A Discusión, para o qual também escrevia uma coluna. Jornalistas locais disseram que focava questões partidárias e disputas políticas internas, em vez de questões policiais ou corrupção governamental. Berzahi Osuna Enciso, seu colega na rádio, disse ao CPJ acreditar que os assassinos de Millán seriam encontrados entre seus inimigos políticos.
A violência do narcotráfico converteu o México em um dos países mais perigosos para a imprensa, segundo uma pesquisa do CPJ. Seis jornalistas, incluindo Millán, foram assassinados no país somente este ano, ao menos um em represália direta por seu trabalho jornalístico. O CPJ continua investigando para determinar se as outras cinco mortes estão relacionadas à profissão das vítimas. Segundo o Índice da Impunidade do CPJ, houve uma piora do México na lista de países com maior impunidade pelo terceiro ano consecutivo, ficando na oitava posição. O índice identifica países no mundo onde os jornalistas são assassinados com regularidade e as autoridades se mostram incapazes ou relutantes em processar os responsáveis.