Nova York, 18 de janeiro de 2011 – Os computadores e equipamentos pertencentes à crítica revista de notícias Vanguardia foram confiscados pelas autoridades equatorianas após uma incursão realizada há um mês. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) concluiu que o confisco foi uma represália à posição editorial da revista e insta as autoridades a devolver o equipamento.
Em 17 de dezembro, membros armados do Grupo de Intervenção e Resgate (GIR) realizaram uma batida nos escritórios da Vanguardia em Quito, revistaram os funcionários e apreenderam alguns bens, incluindo 35 discos rígidos, disse o editor Juan Carlos Calderón ao CPJ. As autoridades informaram que a ação foi parte de um procedimento de despejo que envolvia escritórios pertencentes ao estado.
Uma ordem emitida por um organismo do estado dizia que a Gran Tauro, empresa editora da Vanguardia, tinha três dias para pagar 14.560 dólares norte-americanos que supostamente devia em aluguéis. Mas Calderón informou que o despejo foi realizado imediatamente. A revista pagou a soma total que disseram que ela devia no início de janeiro, mas funcionários públicos não haviam reconhecido o recebimento do pagamento.
A Vanguardia e o grupo local de imprensa Fundamedios acreditam que o confisco dos bens foi ilegal e desproporcional. Em 21 de dezembro, a pedido da Vanguardia, o juiz de Guayas, Ángel Rubio, ordenou que o pessoal da revista tivesse permissão de fazer uma cópia de seus discos rígidos, que continham importantes informações jornalísticas. Mas as três tentativas de obter as cópias dos discos rígidos foram infrutíferas, contou Calderón ao CPJ. “Suspeitamos que o governo ou algum funcionário esteja interessado em nossa informação”, acrescentou.
Calderón e Fundamedios acreditam que as ações contra a Vanguardia decorrem de suas investigações aprofundadas sobre corrupção oficial. A publicação da Vanguardia continua a partir de seu novo escritório.
“A apreensão do equipamento da Vanguardia parece destinar-se a paralisar um meio de comunicação crítico e independente”, declarou Carlos Lauría, coordenador sênior do Programa das Américas do CPJ. “Instamos as autoridades a devolver as propriedades da revista e a permitir que a Vanguardia trabalhe sem obstruções”.