MÉXICO: Repórter foge após ameaças; jornal restringe a cobertura sobre criminalidade
Nova York, 6 de fevereiro de 2008—Um repórter mexicano que cobre criminalidade se viu obrigado a abandonar sua residência no estado de Chihuahua, no norte do país, depois de ser ameaçado de morte por uma suposta organização criminal. A ameaça fez com que o diário Norte de Ciudad Juárez limitasse sua cobertura sobre crimes, informou ao CPJ o diretor Alfredo Quijano.
Em 25 de janeiro, o repórter Carlos Huerta Muñoz, que cobre crimes para o jornal Norte de Ciudad Juárez, recebeu uma ameaça de morte anônima em seu telefone celular, disse Quijano. A pessoa que ligou se identificou como membro da suposta organização criminal denominada “A Federação” e advertiu que Huerta “ia deixar de respirar”, ameaçando também a família do jornalista, disse o diretor do diário ao CPJ.
“Esta série de intimidações contra os jornalistas mexicanos deve chegar ao fim”, declarou o Diretor Executivo do CPJ, Joel Simon. “É evidente que, devido ao temor por suas vidas, os repórteres se autocensuram, o que permite aos criminosos obterem o que querem. Instamos as autoridades estaduais e federais a proporcionarem suficientes garantias para que os jornalistas possam informar livremente, sem medo de represálias”.
O jornal apresentou uma denúncia ante a procuradoria local e as autoridades se propuseram a fornecer dois agentes federais para a proteção de Huerta. No entanto, depois de consultar o jornalista, o Norte de Ciudad Juárez decidiu recusar a oferta. Huerta explicou que não confiava nos agentes para a sua proteção. Temendo por sua vida, na semana passada o jornalista decidiu sair temporariamente do México.
O jornal resolveu limitar a cobertura sobre criminalidade a partir da ameaça, disse Quijano. “Somente publicaremos fatos e informações oficiais”, explicou. O diretor afirmou que o jornal não colocará a vida de seus repórteres em perigo.
Quijano indicou que a ameaça contra Huerta ocorreu em meio a uma onda de violência relacionada ao narcotráfico em Ciudad Juárez. Pelo menos 10 policiais foram assassinados em 2008, segundo Quijano.
Enquanto o tráfico de drogas e o crime organizado se converteram em problemas cada vez mais graves durante os últimos anos, os jornalistas que cobrem estes temas são ameaçados e assassinados, demonstra a investigação do CPJ. Como as autoridades têm fracassado em sua tentativa de levar os agressores a julgamento, vários repórteres e meios de comunicação se autocensuram. O México é um dos países mais perigosos para os jornalistas, de acordo com o informe anual do CPJ, Ataques à Imprensa.