ANGOLA: Jornalista proeminente é mandado para a prisão por ação de difamação
Nova York, 5 de Outubro de 2007 – O proeminente diretor de um semanário privado de Angola foi mandado para a prisão na quarta-feira depois de ser sentenciado a oito meses de reclusão e multa de 18.7 milhões de kwanzas (US$ 250,000) por uma causa de difamação. O diretor do Semanário Angolense, Graça Campos, foi condenado em 25 de setembro por “injúria, difamação, calúnia e violação de direitos” envolvendo o ex-ministro da Justiça, de acordo com seu advogado de defesa e jornalistas locais.
O advogado de defesa Paulo Rangel disse que entrou com um recurso junto à Suprema Corte, mas o juiz do Tribunal Provincial de Luanda, Pedro Viana, não libertou imediatamente a Campos, que foi mantido em uma prisão na periferia da principal cidade de Angola.
Paulo Chipilica, antigo ministro da Justiça e atual provedor de Justiça, queixou-se de “trechos sarcásticos” em uma série de artigos de Campos publicados em 2001 e 2004, segundo jornalistas locais. Em particular, Chipilica contestou um artigo de março de 2004 – intitulado “Se não for travado, venderá todo o país” – que sugeria impropriedades na transferência de antigas casas coloniais para a posse de portugueses.
De acordo com jornalistas do Semanário Angolense, Campos perdeu duas audiências porque estava no Brasil por razões pessoais e não foi notificado das datas das sessões. Eles disseram que Campos retornou para a audiência de 25 de setembro, esperando apresentar a defesa, apenas para receber o veredicto de culpado.
“A multa elevada é claramente um esforço para garantir que Campos e sua importante publicação sejam silenciados. Ainda mais escandaloso é que ele seja mandado para a prisão por ser sarcástico” disse o diretor executivo do CPJ, Joel Simon. “Angola não tem o histórico de aprisionar jornalistas e não deveria iniciar um agora”.
O Semanário Angolense, um dos principais jornais independentes de Angola, também enfrenta uma ação por difamação de 75 milhões de kwanzas (US$ 1 milhão) impetrada pelo Primeiro-Ministro Fernando da Piedade Dias dos Santos em 2004.
O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo.
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