Nova York, 15 de maio de 2007—O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) fez um apelo às autoridades colombianas, hoje, para que investiguem em profundidade a interceptação ilegal das linhas de telefone de jornalistas. O governo reconheceu na segunda-feira que a polícia nacional havia escutado, ilicitamente, as conversas telefônicas de funcionários públicos, integrantes da oposição e de jornalistas.
“Estamos muito preocupados pela suposta interceptação ilegal dos telefones de jornalistas em um momento tão crucial para a política colombiana”, declarou o Diretor Executivo do CPJ, Joel Simon. “O medo da vigilância pode ter um efeito negativo na imprensa colombiana, que já trabalha em um ambiente de autocensura generalizada”.
O assunto surgiu gradualmente, depois que a revista Semana informou na semana passada sobre conversas interceptadas que mostravam como líderes de grupos paramilitares, em presídios de segurança máxima, continuavam participando de atividades ilegais. O governo informou na segunda-feira que pessoal da Direção de Inteligência da Polícia Nacional (Dipol) havia gravado ilegalmente as conversas e vazado o conteúdo para a Semana. Neste comunicado, o governo também revelou que, durante mais de dois anos, integrantes da Dipol havia gravado as conversas de pessoas que não estavam sendo investigadas, “entre as quais se encontram membros do governo, da oposição e jornalistas”.
O governo do presidente Álvaro Uribe condenou este procedimento como “totalmente inaceitável, ilegal e contrário à política do governo”. O governo ordenou uma investigação interna, enquanto o diretor da polícia nacional, general Jorge Daniel Castro, e o diretor da central de inteligência da polícia nacional, general Guillermo Chaves, decidiram renunciar.
Hollman Morris jornalista independente e produtor do programa de notícias semanal “Contravía” que é apresentado na estação de televisão Canal Uno, disse ao CPJ que acredita que suas linhas telefônicas figuram entre as que foram interceptadas. Em uma carta de setembro de 2006, analisada pelo CPJ, o diretor da Empresa de Telecomunicações de Bogotá advertiu Morris que sua linha de telefone havia sido manipulada. A carta indicava que não era possível determinar se a intenção era interceptar as conversas. Morris apresentou uma denúncia ante a polícia nacional pedindo que investigassem o incidente. Em outubro recebeu uma resposta da polícia, também examinada pelo CPJ, afirmando que suas linhas telefônicas não era objeto de nenhuma intervenção. Morris, conhecido por seus informes negativos sobre o conflito armado na Colômbia, tem sido ameaçado e perseguido desde 2006.
As acusações de intervenções de telefones chegam em um momento crítico para o governo de Uribe. Na segunda-feira, 20 políticos e empresários foram detidos por acusações de conspiração, depois da descoberta de laços entre eles e líderes paramilitares, informou a Associated Press. As detenções aumentam para 14 o número de funcionários implicados no que se tem chamado de escândalo da “para-política”.
El 15 de marzo del 2005, el Presidente Uribe se reunió con una delegación del CPJ y expresó su apoyo a los periodistas que informan sobre corrupción, al enfatizar que cualquier funcionario que interfiera con el trabajo de la prensa “está cometiendo un crimen contra la democracia, y eso es gravísimo”.