Nova York, 30 de março de 2006 – Quase dois meses depois do desaparecimento do radialista Enrique Galeano, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) o acrescentou a sua lista de jornalistas desaparecidos, e exortou novamente as autoridades a investigarem de forma exaustiva o paradeiro do jornalista.
Galeano, conhecido também como “El Pirulito”, desapareceu em 4 de fevereiro perto de Yby Yaú, um pequeno povoado no Departamento de Concepción, no norte do país. Galeano apresenta um programa matutino de notícias e músicas na Radio Azotey, da cidade de Horqueta, e é editor da revista mensal Alo vecino.
Bernardina Quintana, esposa de Galeano, denunciou o caso a polícia local, mas ela e o Sindicato de Jornalistas Paraguaios (SPP) protestaram pela inação da procuradoria. Em 6 de março, o Procurador Geral designou a promotora Camila Rojas e o sub-comandante da Polícia Nacional, Simón Bogado, para dirigirem a investigação.
Em 23 de março, o presidente paraguaio Nicanor Duarte Frutos ordenou a agilização das investigações para resolver o caso, que foi muito divulgado pelos meios de comunicação locais.
Rojas disse ao CPJ que a investigação está se focando em uma entrevista com Galeano, transmitida antes de seu desaparecimento pela estação local Radio Concepción. Na entrevista, Galeano disse ter tido proteção policial, mas não especificou a razão.
Rojas confirmou que Galeano recebeu proteção policial durante quatro ou seis dias, em outubro de 2005, mas os investigadores ainda não esclareceram o motivo. Também informou que vários oficiais da polícia local foram chamados para depor sobre o tema.
Em vários informes da imprensa, Quintana acusou o deputado Magdaleno Silva, do partido governista Colorado, de haver ameaçado seu marido por seu trabalho jornalístico.
Silva não respondeu às ligações do CPJ, mas negou repetidamente, em matérias da imprensa, estar envolvido no desaparecimento de Galeano. Silva, que se descreve como amigo do jornalista, ofereceu uma recompensa de 5.500.000 guaraníes (900 dólares norte-americanos) para quem tiver qualquer informação sobre o caso, informou El Nuevo Herald. Segundo Rojas, Silva foi chamado a depor como testemunha.
Rojas disse ao CPJ que pode haver relação entre o desaparecimento de Galeano e seu trabalho jornalístico, mas a investigação ainda está em uma etapa preliminar.
“Estamos muito preocupados com o paradeiro de nosso colega”, assinalou a Diretora-executiva do CPJ, Ann Cooper. “Exortamos novamente as autoridades paraguaias a conduzirem uma investigação rápida e exaustiva, e a trazer Galeano para um local seguro”.
Veja a lista do CPJ de jornalistas desaparecidos