CPJ condena invasão policial à residência e escritório de repórter do Ottawa Citizen

Nova York, 22 de janeiro de 2004 —O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condenou a invasão de ontem, pela Royal Canadian Mounted Police ­ RCMP (Real Polícia Montada do Canadá – RPMC), da residência e escritório de Juliet O´Neill, repórter do diário Ottawa Citizen de Ottawa, capital canadense.

Autoridades policiais, que estavam operando com um mandado de busca, tentavam localizar a fonte das informações governamentais vazadas sobre o caso de Maher Arar, cidadão canadense nascido na Síria, deportado por autoridades norte-americanas para a Síria em 2002.

Na manhã de quarta-feira, 21 de Janeiro, oficiais da RPMC conduziram buscas na casa de O´Neill e no escritório do Ottawa Citizen na sede do governo da cidade. De acordo com a imprensa local, policiais confiscaram agendas de endereços, Rolodex, e copiaram os arquivos de computador do repórter.

A busca surgiu em resposta ao artigo de O´Neill, publicado em 8 de novembro de 2003, sobre Arar, quem foi detido pelas autoridades norte-americanas em Nova York, em 2002, quando se dirigia ao Canadá vindo da Tunísia. As autoridades o deportaram para a Síria, onde Arar alega que ele foi torturado. Após ser libertado pela Síria em outubro de 2003, ele retornou ao Canadá.

O artigo de O´Neill dizia que a RPMC identificou Arar como tendo ligações com a al-Qaeda, uma alegação que Arar negou.

A busca da RPMC foi conduzida sob o Ato de Segurança de Informação, aprovado no Canadá após os ataques terroristas contra os Estados Unidos em 11 de setembro de 2001. O Ato contém proibições contra a distribuição ou posse de documentos secretos do governo. Conseqüentemente, O´Neill e o jornal podem enfrentar acusações criminais.

“As ações da polícia canadense representam uma ameaça significante à liberdade de imprensa no Canadá e, também, enviam uma terrível mensagem aos jornalistas do mundo inteiro, cujos direitos são rotineiramente restritos por governos repressivos em nome da segurança nacional”, disse a Diretora-Executiva do CPJ, Ann Cooper.

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