Oficiais de Segurança do Estado intimidam jornalista

Nova York, 13 de junho de 2003 ­ Na quarta-feira, 11 de junho, oficiais de Segurança do Estado da República Dominicana interrogaram o jornalista Marino Zapete Corniel e o acusaram de insultar o presidente Hipólito Mejía em vários artigos recentes.

Segundo Zapete, por volta das 6 horas da manhã, quatro oficiais do Departamento Nacional de Investigações (DNI) e um ajudante fiscal se apresentaram em sua casa, na capital Santo Domingo, e lhe pediram que os acompanhasse à sede do DNI para que respondesse a algumas perguntas. Depois de um interrogatório que se prolongou por cinco horas, o diretor de imprensa da Presidência informou ao diretor do DNI, general Fernando Cruz Méndez, e a Zapete que tinha ordens do presidente para deixar livre o jornalista.

Zapete trabalha para o jornal Los Nuevos Tempos Digital, com sede em Miami, e para o semanário local Primicias. Nos últimos dois meses, Zapete escreveu vários artigos que saíram em ambas as publicações e nos quais criticou o presidente Mejía por sua posição ante o colapso financeiro do Banco Intercontinental (Baninter) ­ um dos maiores do país ­ e assinalou que o colapso não teria ocorrido se a governamental Superintendência de Bancos tivesse desempenhado suas funções. Zapete também criticou Mejía por supostamente defender os proprietários do Baninter e mostras escasso interesse pelos titulares de contas no Baninter e pelos contribuintes dominicanos, que teriam que pagar os fundos que o governo destinou para manter a solvência do Baninter.

Em seus artigos, Zapete anunciou que o presidente estava construindo duas mansões campestres para seu uso particular com a ajuda de recursos públicos.

De acordo com Zapete, durante o interrogatório no DNI lhe perguntaram sobre suas preferências políticas e o que pensava sobre Mejía. Os oficiais do DNI também tentaram pressionar Zapete para que revelasse as fontes que havia utilizado. Zapete declarou ao Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ, por sua sigla em inglês) que ele não havia revelado suas fontes e que sustentava o que havia afirmado em seus artigos.

Antes de sair em viagem oficial a Porto Rico, o presidente Mejía declarou à imprensa local que submeteria Zapete aos tribunais.

“Os jornalistas, sob nenhum conceito devem ser objeto de perseguição ou intimidação por desempenhar seu trabalho”, declarou Ann Cooper, diretora executiva do CPJ. “O presidente Mejía, como líder de sua nação, se encontra no centro do debate público e, portanto, deve tolerar o escrutínio da sociedade”.