Repórter mexicano da editoria de polícia é morto em Oaxaca

Cidade do México, 18 de julho de 2013 As autoridades mexicanas devem realizar uma investigação completa e transparente sobre o assassinato do repórter que cobria criminalidade cujo corpo foi encontrado na quarta-feira na Cidade de Oaxaca, capital do estado de Oaxaca, declarou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). Alberto López Bello foi severamente espancado e baleado, disseram ao CPJ funcionários do governo.

Repórteres que cobrem a editoria de polícia no México trabalham sob enorme risco, frequentemente enfrentando ameaças, intimidação e ataques que quase nunca são punidos“, disse em Nova York o coordenador sênior do programa do CPJ para as Américas, Carlos Lauría. O ciclo de impunidade nos crimes contra a imprensa teve um efeito devastador sobre o direito do público à informação, especialmente sobre questões de crime e corrupção. O governo pode começar a quebrar este terrível ciclo ao investigar completamente este crime.

Um porta-voz da Procuradoria Geral do Estado, que falou com o CPJ sob a condição de anonimato, disse que López havia sido espancado e baleado e que seu corpo foi encontrado com o de outro homem, Arturo Alejandro Franco, que foi identificado em reportagens como um informante infiltrado da polícia. Funcionários cidade de Oaxaca, disseram Franco era um funcionário municipal. A polícia disse que ele também havia sido espancado e baleado.

López, 28 anos, havia trabalhado como repórter por cerca de seis anos para o jornal de circulação estadual El Imparcial, de acordo com jornalistas locais que pediram para não serem identificados por medo de represálias. As fontes disseram que López trabalhava na editoria de policia e recentemente publicou várias histórias sobre a venda de drogas na cidade

Repórteres que cobrem a área policial no México são vulneráveis ​​a ameaças de cartéis do crime organizado e da polícia, que muitas vezes trabalha para as gangues, demonstra a pesquisa do CPJ. Grupos do crime organizado em vários estados controlam a produção e distribuição de drogas e muitas vezes pagam ou aterrorizam a polícia para que ignorem suas operações.

López também cobria notícias policiais para o Foro Político“, um programa de rádio local na estação Radiorama. Sofia Valdivia, que trabalha na Radiorama e supervisionou o trabalho de López, disse que ele informou regularmente sobre o crime organizado e, por vezes, sobre o envolvimento da polícia.

O governador de Oaxaca, Gabino Cué Monteagudo, anunciou que o governo do estado vai investigar o caso a fundo. Ele disse que pediria que o promotor especial da Procuradoria Geral da República para crimes contra a liberdade de expressão participasse da investigação.

Três distribuidores do El Imparcial foram mortos a tiros em 9 de outubro de 2007, quando estavam se deslocando em um caminhão com o logotipo do jornal. Aos assassinatos se seguiram várias ameaças aos editores para que o jornal baixasse o tom da sua cobertura de grupos criminosos locais de tráfico de drogas, segundo informou a imprensa na época. O vice-editor do jornal disse ao CPJ que no dia dos assassinatos, ele e um repórter tinham recebido várias ameaças de morte. Os assassinatos continuam sem solução.

A violência ligada ao tráfico de drogas fez do México um dos países mais perigosos do mundo para a imprensa, segundo a pesquisa do CPJ. Mais de 50 jornalistas foram mortos ou desapareceram desde 2007. Em pelo menos 14 casos, o CPJ confirmou uma relação direta entre o crime e o exercício da profissão.

Depois de uma longa campanha feita pela imprensa e por grupos de defesa dos direitos humanos, o presidente Enrique Peña Nieto assinou em lei em maio uma legislação que outorga às autoridades federais uma jurisdição mais ampla para investigar e julgar crimes contra a imprensa.

  • Para mais informações e análises, visite a página do CPJ sobre o México.