A jornalista Lydia Cacho, aqui durante uma coletiva em 2006, foi ameaçada no domingo por uma pessoa não identificada (Reuters/Henry Romero)
A jornalista Lydia Cacho, aqui durante uma coletiva em 2006, foi ameaçada no domingo por uma pessoa não identificada (Reuters/Henry Romero)

México deve investigar ameaça contra Lydia Cacho

Nova York, 30 de julho de 2012 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) está muito preocupado com uma ameaça de morte feita no domingo contra a repórter investigativa e escritora Lydia Cacho e insta as autoridades federais a realizar uma investigação completa.

Cacho contou ao CPJ que a ameaça foi realizada através do sistema de segurança instalado em sua casa em Cancun. Cacho foi vítima de várias ameaças no passado, levando a medidas especiais de segurança.

Cacho disse que no domingo ouviu uma voz desconhecida em seu sistema de comunicação de emergência advertindo-a: “não se meta conosco” e “nós a mandaremos para casa em pedacinhos”. Seus consultores de segurança acreditam que a pessoa utilizou uma tecnologia avançada para conseguir acesso ao sistema.

“Esta é ameaça é a mais recente de uma série de tentativas de intimidar Lydia Cacho, uma das mais proeminentes repórteres do México”, disse Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “O fato de a ameaça chegar através de seu próprio sistema de comunicação de emergência deve ser particularmente alarmante para as autoridades mexicanas, que devem garantir a sua segurança”.

Cacho é uma premiada jornalista investigativa, defensora dos direitos humanos e colunista do jornal El Universal. Seu último livro, Escravas del Poder, segue a trilha de traficantes internacionais de seres humanos e suas vítimas ao redor do mundo.

Cacho enfrenta ameaças e perseguição desde a publicação, em 2004, de seu livro Los Demonios del Edén, que descrevia as atividades de uma rede de prostituição infantil que, segundo ela, operava com a cumplicidade de policiais e políticos locais. O livro desencadeou uma ação por difamação que, embora rejeitada posteriormente, provocou a sua breve detenção. Como as ameaças contra a sua vida persistiam, em 2009 a Comissão Interamericana de Direitos Humanos instou o governo mexicano a proporcionar-lhe proteção. Em 2011, o CPJ exortou a administração do presidente Felipe Calderón Hinojosa a intervir na contínua campanha de intimidação contra Cacho.

Cacho descreveu sua vida sob ameaças em um artigo para o Blog do CPJ em 2009. No post, a jornalista explica sua determinação: “Para permanecer vivo sem fugir do país, quando não existe mais justiça em sua própria terra, nada mais há a fazer exceto se erguer para que o mundo te veja, para lembrar amigos e adversários que a liberdade não é adquirida de joelhos e em silêncio”.