Jornalista político assassinado no Brasil

Nova York, 27 de julho de 2011–O veterano repórter político Auro Ida foi assassinado a tiros no início da sexta-feira na cidade de Cuiabá, no estado de Mato Grosso, centro-oeste do país, segundo a imprensa local. O conhecido jornalista, que havia sido secretário municipal de Comunicação em Cuiabá,  foi um dos fundadores do site de notícias Midianews e escrevia uma coluna de opinião para outro site de notícias, o Olhar Direto. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas instou hoje as autoridades brasileiras a investigar minuciosamente o homicídio e a processar os responsáveis.

Ida, de 53 anos, estava em seu carro com a namorada no início da madrugada de sexta-feira quando um homem não identificado se aproximou de bicicleta, mandou a mulher sair do veículo e atirou várias vezes contra o jornalista, noticiou a imprensa.

Inicialmente, a polícia indicou que poderia tratar-se de crime passional e que estaria ligado a ex-namorados de uma das jovens com as quais o jornalista estava saindo, informou a imprensa. O único suspeito detido foi liberado por falta de provas.

Laura Petraglia, repórter do Olhar Direto, disse ao CPJ que Ida estava realizando uma investigação sobre corrupção política local quando morreu. José Riva, presidente da Assembleia Legislativa estadual, revelou em um comunicado que Ida havia lhe dito dias antes que estava recebendo ameaças, mas o político não forneceu mais detalhes.  O Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso solicitou que a Polícia Federal ficasse encarregada do caso, preocupado com a falta de atenção da polícia local com a possível motivação política do homicídio, informou o Diário de Cuiabá.

“É assustador o recente aumento de casos de violência contra a imprensa no Brasil”, declarou o coordenador sênior do programa das Américas do CPJ, Carlos Lauría. “As autoridades brasileiras devem investigar todos os possíveis motivos do assassinato de Auro Ida”.

Outros três jornalistas brasileiros foram mortos este ano e um blogueiro foi ferido a tiros. Edinaldo Filgueira, editor de um jornal, político e blogueiro, foi assassinado a tiros por agressores não identificados em 15 de junho em Serra do Mel, no estado do Rio Grande do Norte, nordeste brasileiro. Valério Nascimento, proprietário de um jornal e jornalista, foi morto a tiros em 3 de maio em frente a sua casa em Rio Claro, no estado do Rio de Janeiro, segundo a apuração do CPJ.  Em abril, Luciano Leitão Pedrosa, jornalista de rádio e televisão conhecido por sua cobertura crítica de funcionários públicos e grupos criminosos locais, foi morto a tiros em Vitório de Santo Antão, no estado de Pernambuco. Em março, o crítico blogueiro Ricardo Gama ficou gravemente ferido quando foi baleado por um desconhecido armado que o atingiu na cabeça, no pescoço e no peito quando ele caminhava por seu bairro, no Rio de Janeiro.

O Índice de Impunidade do CPJ demonstra que cinco assassinatos de jornalistas não foram resolvidos nos últimos dez anos no país. O Brasil voltou ao Índice este ano depois de ter estado ausente no ano anterior. Embora as autoridades brasileiras tenham conseguido certo êxito em processar os assassinos de jornalistas, e obtido várias condenações nos últimos anos, uma persistente violência contra a imprensa ainda existe no país.